Os chefes de equipa das urgências de obstetrícia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, demitiram-se de funções. A SIC sabe que mais de uma dezena de profissionais assinaram a carta de demissão apresentada esta sexta-feira manhã.
Os profissionais demissionários recusam-se a fazer horas extra e queixam-se de terem sido ameaçados pela administração do hospital.
Joana Bordalo e Sá, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), considera todo o processo “bizarro e desadequado para os médicos envolvidos".
À SIC Notícias, a FNAM revela que os médicos já atingiram o limite de horas extraordinárias previstas para um ano e que “não estão disponíveis para fazer mais trabalho”.
“Entretanto, o Conselho de Administração reuniu com os médicos há dois dias para, supostamente, os ouvir. Os médicos ouviram, acima de tudo, ameaças por parte do Conselho de Administração que lhes seriam canceladas as férias já aprovadas e, que além disso, teriam que devolver o valor do pagamento que receberam pelo trabalho extraordinário feito até à data”, revela Joana Bordalo e Sá.
A Federação Nacional dos Médicos diz que a atitude do Conselho de Administração, para além de ilegal e inadmissível, é também “prepotente e arrogante”.
As demissões acontecem poucos dias depois de o diretor de obstetrícia e ginecologia, Diogo Ayres de Campos, ter sido afastado do cargo por ter questionado o projeto de reestruturação da maternidade do hospital e a colaboração com o São Francisco Xavier.
O diretor foi afastado na sequência de uma carta enviada por 34 dos 37 médicos do departamento de obstetrícia do hospital Santa Maria à administração. Nela, davam conta de várias preocupações, como as obras de remodelação do serviço, orçadas em seis milhões de euros, e manifestaram desagrado pela pressão exercida para "assegurar a colaboração com o HSFX (Hospital São Francisco Xavier)".