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Proposta do Governo gera discórdia, sindicatos dos médicos ameaçam com (mais) greves

Os sindicatos dos médicos estão contra a proposta do Governo sobre o suplemento de 20% que obriga os médicos a fazerem mais do dobro das horas por ano. Dizem que a proposta vem sobrecarregar ainda mais os profissionais de saúde e que não abrange todos. Os médicos começam amanhã uma greve de dois dias e ameaçam voltar a parar.

Proposta do Governo gera discórdia, sindicatos dos médicos ameaçam com (mais) greves
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O grande ponto de discórdia entre sindicatos dos médicos e Governo está nas exigências para a atribuição do suplemento de 20% aos profissionais. Para isso, os médicos são obrigados a trabalhar no regime de dedicação plena, mantendo as 40 horas semanais, ou seja, têm de fazer 350 horas extra por ano, muito acima das atuais 150.

“Estamos a falar de 40 dias úteis de trabalho que os médicos deixam de ter disponibilidade para acompanhar as suas famílias, de estudar, de ter a cabeça fresca para não cometer qualquer erro médico”, alerta Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM)

Joana Bordalo Sá, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), diz que estamos perante “um modelo completamente medieval”.

"Os médicos continuarem a fazer 18 horas de urgência do seu horário normal, quando nós pretendemos que se regresse às 12 horas para que haja mais médicos para fazer consultas e cirurgia e não estejam todos concentrados na urgência. Além disso também propõe uma alteração nos descansos compensatórios depois do trabalho noturno, e isso pode pôr em risco a segurança dos doentes”, refere.

Além de reprovarem a proposta de revisão salarial da tutela, os médicos queixam-se de nem todos os profissionais estarem incluídos. “Há médicos que foram complementarmente esquecidos, nomeadamente os médicos de saúde pública e os médicos internos que são um terço da nossa força de trabalho e que também têm de ser contemplados”, destaca Joana Bordalo Sá.

Esta insatisfação levou os sindicatos do setor a marcarem greves e ameaçam mais paralisações caso o Governo não ceda nesta ronda negocial. “No final do mês vamos avançar com três dias de greve, embora gostasse de evitar que isso aconteça”, diz Roque da Cunha sobre o anúncio de uma paralisação nos dias 25, 26 e 27 de julho.

A FNAM confirma que estará presentes nas reuniões agendadas para os dias 7 e 11 deste mês, prometendo levar as suas contrapropostas e “ver se se evitam novas greves no início de agosto”.

Certa é, para já, a greve desta quarta e quinta-feira.