País

Manhã de Rio mais calma após 19 horas de buscas na sede do PSD

As operações de busca na sede do PSD duraram até à madrugada desta quinta-feira. Em causa estão suspeitas do uso indevido de dinheiro do Parlamento para pagar salários a 11 funcionários do partido. Rui Rio opta agora pelo silêncio, depois de várias declarações à imprensa junto à sua casa no Porto.

Manhã de Rio mais calma após 19 horas de buscas na sede do PSD
TIAGO PETINGA

Terminaram de madrugada as buscas da Polícia Judiciária (PJ) à sede do PSD, em Lisboa. A operação investiga suspeitas do uso de dinheiro do Parlamento para pagar salários a 11 funcionários do partido. Um dos alvos foi o ex-presidente do PSD.

Rui Rio garante que não cometeu qualquer ilegalidade ao pagar a funcionários do partido com dinheiro do Parlamento, diz mesmo que é uma prática de todos os partidos, e considera que as buscas foram apenas para prejudicar a sua imagem.

A operação de buscas até pode terminado relativamente cedo na casa de Rui Rio, mas na sede do PSD, em Lisboa, os inspetores da PJ não só viram a equipa ser reforçada durante a tarde como apenas saíram do edifício às 4:00.

A Procuradoria-Geral da República confirma, porém, que não há arguidos constituídos.

O que está em causa?

A busca por provas do uso de dinheiro da Assembleia da República está concluída. Esse dinheiro seria destinado ao pagamento de assessores parlamentares, mas terá servido para pagar a funcionários do PSD.

O mandado de busca e apreensão, a que a SIC teve acesso, refere o pagamento de salários a 11 funcionários. Diz que o desvio de fundos permitiu uma poupança aos cofres do PSD de vários milhares de euros por mês, entre 2018 e 2021.

Em comunicado, o presidente da distrital de Lisboa, um dos locais alvo de buscas, garante que não há fundamento na suspeita.

Além da distrital de Lisboa e da do Porto, a operação de buscas estendeu-se às residências de Florbela Guedes, assessora de Rui Rio, José Silvano, ex-secretário-geral do partido que acompanhou as buscas à distância a partir do Parlamento, e Hugo Carneiro, antigo secretário-geral adjunto com a pasta das contas do PSD.

Loading...

Lei "confusa" e hipocrisia dos outros partidos

Rui Rio garante que não cometeu qualquer ilegalidade ao pagar a funcionários do partido com dinheiro do Parlamento. Diz mesmo que é uma prática de todos os partidos e que as buscas foram penas para prejudicar a sua imagem.

Depois da agitação de quarta-feira, a manhã foi mais calma em frente à casa do antigo líder do PSD. Um dia depois do entra e sai na casa do antigo líder do PSD, Rui Rio reserva-se ao direito de não aparecer.

Depois de, por mais do que uma vez, ter falado aos jornalistas na véspera, não ficou sem deixar mais uma ironia. No Twitter, diz que fará todos os esforços para que a administração do condomínio, nas próximas buscas da PJ, já tenha a fachada do prédio mais apresentável.

André Coelho Lima, antigo vice-presidente de Rui Rio, nega o uso indevido de dinheiro público e fala em ataque à democracia. Diz que a subvenção parlamentar é entregue aos partidos para as despesas dos partidos e que os assessores não estiveram propriamente a fazer campanhas eleitorais. Fala em hipocrisia dos restantes partidos que fazem o mesmo, admitindo que todos possam estar errados.

Ana Gomes fala numa "lei confusa" com várias mudanças.

Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, rejeita que o país seja um "lamaçal".

A ex-presidente da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos até 2017 diz que é preciso maior transparência perante uma lei que, na prática, permite que se misture o financiamento de partidos com o dos grupos parlamentares.

Loading...