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Greve na easyJet: braço de ferro entre sindicato e empresa longe de ter fim

Protesto dos tripulantes de cabine mantém-se até terça-feira. Sindicato aponta para adesão de 90% à paralisação, companhia aérea diz que ronda os 50%.

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É uma troca de acusações e um braço de ferro que parecem estar longe de acabar. Por um lado, os números não batem certo. Ao final do dia deste sábado, a easyJet falava numa adesão à greve dos tripulantes de cabine de 50%. Um valor bem longe do divulgado pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, que aponta para cerca de 90% de adesão.

"A empresa lançou-se nesta cruzada de desinformação. Esta questão dos 50% de adesão à greve é totalmente errada e facilmente desmontável, até porque a empresa, aquando do nosso pré-aviso de greve, cancelou quase de imediato, 70% dos voos que tinham planeado", defende Ricardo Penarroias, do sindicato.

Por outro lado, as denúncias de pressão por parte dos tripulantes da companhia aérea minam as relações com a própria estrutura sindical.

"Acusar o sindicato de fazer pressão é totalmente errado. Aliás, até acaba por ser irónico quando é a própria empresa que está a pressionar os tripulantes de cabine, nomeadamente na base de Faro, para que eles realizem voos com a ameaça de que a base poderá fechar; havendo uma série de ameaças de que poderá haver uma diminuição da operação nas bases de Lisboa e do Porto", adianta o representante.

Além dos serviços mínimos, apenas foram realizados três voos este domingo - um em cada base do País: Lisboa, Porto e Faro. A greve de cinco dias tem fim previsto para terça-feira.

PCP questiona Governo sobre denúncias de que easyJet substitui tripulantes em greve

O PCP questionou ainda este domingo o Governo sobre as denúncias de que a easyJet está a promover a substituição de tripulantes de cabine em greve, uma "gritante violação da lei" e para a qual é necessária uma intervenção das autoridades.

Numa pergunta dirigida à ministra do Trabalho Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, os comunistas referem que tiveram conhecimento de que a empresa está "a enviar tripulantes da base de Lisboa para operar os voos originalmente afetos aos tripulantes da base do Porto" durante a greve que começou na sexta-feira e se prolonga até terça-feira.

Dando o exemplo de casos concretos dos voos em causa, o PCP refere que a Autoridade para a Condições de Trabalho recebeu todas as informações, considerando que estas são "situações extremamente gravosas, que configuram uma gritante violação da lei e que exigem a intervenção pronta e efetiva da parte das autoridades".

O PCP questiona assim o Governo sobre esta substituição de tripulantes em greve, que considerou ser um "ataque aos trabalhadores da easyJet e à lei", pretendendo saber que "medidas urgentes foram tomadas pelas autoridades competentes face a estas ilegalidades comprovadamente praticadas" por esta companhia aérea.