O incêndio em Cascais, Alcabideche, prolongou-se pela noite e cerca de 500 operacionais continuam no terreno. António Bento Gonçalves, geógrafo, explicou que o fator determinante foi o vento e que o trabalho dos operacionais para domar as chamas foi digno de um “parabéns”.
O incêndio que deflagrou esta terça-feira em Alcabideche, no concelho de Cascais, está dominado. No entanto, continua vento e as condições do solo vão dar trabalho pela frente.
"Isto é um incêndio tipicamente conduzido pelo vento, é elemento meteorológico determinante, é algo complicado porque tem um comportamento aleatório, durante o dia vem do mar para a terra e à noite vira da terra para o mar e isso dificulta o trabalho, especialmente com muito mato seco", explicou Bento Gonçalves.
Para além disso, havia duas componentes em risco: a urbana e a florestal. Por isso, tem de ser dada alguma prioridade, que o geógrafo esclarece serem as pessoas, o que depois “dá espaço ao fogo para progredir nos espaços florestais”.
Para assegurar as áreas urbanas, é preciso um meio importante: os aviões.
“Os meios aéreos são muito importantes no ataque inicial e nesta questão da salvaguarda dos aglomerados populacionais. São importantes na fase que vai haver trabalho de sapador para permitir a proteção dos operacionais que vão estar no terreno”, detalhou Bento Gonçalves.
O geógrafo ainda referiu que muitos moradores da região disseram que nunca tinham visto um incêndio assim em Sintra e Cascais há muito tempo, mas António Bento Gonçalves relembra que a zona “tem um dos momentos mais dramáticos dos incêndios em Portugal, em 1966 houve um incendi que tirou a vida a 25 militares”.
Pelo relevo e pelo vento, em que inclina as chamas, a área que ardeu esta terça-feira é “difícil” e, por isso, “todos os operacionais estão de parabéns” para o geógrafo.
O incêndio que deflagrou na tarde de terça-feira em Alcabideche, Cascais, está praticamente dominado - cerca de 70% -, informou a Proteção Civil. No entanto, esperam-se “longas horas de trabalho” pela frente, pelo que os operacionais vão manter-se no terreno. O fogo fez 13 feridos, dos quais nove bombeiros e quatro civis.
A localidade de Zambujeiro, no concelho de Cascais, foi evacuada, mais de 800 animais da Associação São Francisco de Assis e de outro canil foram retirados das instalações e também 61 crianças foram retiradas de um acampamento na zona.