Gémeas siamesas, de quase quatro anos, foram separadas, no Hospital D. Estefânia, m Lisboa. A SIC acompanhou em exclusivo a rara cirurgia que não se fazia em Portugal há 24 anos.
Vitorina vai de mão dada com as filhas, prestes a viver o momento pelo qual sonhou nos últimos quase quatro anos. "Deus abençoe", diz a mãe às duas meninas, quando estas se preparavam para entrar no bloco operatório.
Bibiane e Domingas, gémeas siamesas unidas pela bacia, vieram de Angola há oito meses para serem operadas em Portugal. Esta é uma intervenção "rara"que tem várias situações de risco e imprevistos, explica Rui Alves, diretor de cirurgia pediátrica do Hospital D. Estefânia.
Vitorina só soube que as filhas eram siamesas quando nasceram. A muito custo, deixou os outros dois filhos em Angola, a viverem com os avós, e veio à procura de um verdadeiro milagre da ciência em Portugal.
Malformação é bastante rara
Se já é raro nascerem gémeos siameses, ligados pela bacia é ainda mais raro: representam apenas 7% dos casos. Por não estarem ligadas por órgãos nobres, como o coração e os pulmões, o risco de mortalidade foi sempre menor.
Para os médicos o desafio foi enorme: as gémeas tinham o fígado ligado e partilhavam o intestino grosso. Agora, uma das crianças ficou com todo intestino, enquanto a outra fica, para já, com uma bolsa coletora.
Crianças terão de ser sujeitas a muitas outras cirurgias
Esta foi apenas a primeira operação de muitas que vão ter de fazer ao longo da vida - será preciso tratar do sistema urinário, reprodutor e de toda a parte ortopédica com muita fisioterapia envolvida, porque com quase quatro anos nunca andaram.
A cirurgia durou mais de 14 horas. Depois, foram mais cinco até terminar todo o processo. Nestas longas 19 horas, a tarefa foi dura para os mais de 40 Profissionais de saúde envolvidos, mas ainda mais dura para a mãe que ficou todos os segundos à espera da noticia que imaginou durante anos.