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Políticos "solidários" com ministro após protesto de ativistas pelo clima

Um punhado de jovens protestou contra o ministro do Ambiente numa conferência e atirou tinta verde enquanto pedia por ações e medidas pelo futuro do planeta. Após este acontecimento, Duarte Cordeiro foi apoiado por membros do seu partido, e não só.

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O presidente da Assembleia da República condenou esta terça-feira o ataque com tinta contra o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, por parte de ativistas climáticas, considerando que prestaram um péssimo serviço à causa ambiental. No entanto, as críticas de figuras políticas não ficaram por aí.

"Agredir pessoas, sejam elas quais forem, impedi-las de falar e defender as suas opções, é sempre um ato condenável. Invocar a causa ambiental para tentar justificá-lo é um péssimo serviço prestado a essa causa, que bem precisa da nossa ação - democrática, consistente e efetiva", escreveu Augusto Santos Silva na rede social X.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática foi esta terça-feira atacado com tinta verde por três jovens ativistas climáticas, em Lisboa, durante uma conferência da CNN sobre transição energética em que participam as empresas Galp e EDP.

Poucos minutos após o início da conferência, quando o ministro do Ambiente tomou a palavra, as três jovens dirigiram-se ao palco e atiraram tinta verde que atingiu Duarte Cordeiro na roupa, enquanto gritavam frases de contestação ao Governo.

"O Governo provou que não quer saber da transição climática ao fazer conferências com a EDP e a GALP", "Este vai ser o último inverno de gás", "Não permitimos que vendam o nosso futuro" e "A Galp e a EDP não querem saber da transição justa", foram algumas das frases que as jovens gritaram.

As ativistas foram, entretanto, retiradas da sala e a conferência foi interrompida para o ministro trocar de roupa e a sala ser limpa.

A deputada socialista, Isabel Moreia, também demonstrou a sua “solidariedade” com o ministro Duarte Cordeiro, após o sucedido.

“A extrema-direita fica com o discurso da mini-saia. Quem gosta da democracia e do Estado de direito defende a liberdade de expressão de todas e de todos . Não a de uns aniquilando a de outros . E não relativiza crimes”, lê-se.

Rui Tavares, deputado do Livre, foi mais longe no raciocínio de Isabel Moreira e explicou que identificar-se com uma causa, não significa que vá de acordo com todos os métodos para a defender. Mas, estar solidário com o ministro, também não significa que concorde com a ação do Governo em termos do combate às alterações climáticas.

“Estar solidário com uma causa não implica concordar com todos os métodos que cada ativista use a cada momento. Tal como estar solidário com Duarte Cordeiro, não implica concordar com o que o governo faz ou não faz no combate às alterações climáticas. Ambos são direito e dever”, lê-se.

O deputado ainda deixa uma mensagem para o futuro, sendo que sem democracia também não se tem horizonte ou possibilidade para escolher os decisores políticos que preservarão o planeta.

“Para termos futuro neste planeta, a democracia precisa de ter futuro, até porque sem democracia não poderemos escolher os decisores certos para as causas que consideramos certas. A democracia também é responsabilidade de todo e qq ativista que leve a sério a sua causa”, conclui o líder do Livre.

Do outro lado da bancada da Assembleia da República, a deputada do Chega, Rita Matias, considera que o ministro do Ambiente “provou do próprio veneno”, tendo em conta a sua promoção de “discursos apocalípticos” e contra a ciência.

O Relatório de Síntese sobre Mudanças Climáticas 2023 feito pelo programa de ambiente das Nações Unidas baseia-se em anos de trabalho de centenas de cientistas, que têm investigado os fenómenos climáticos e composto o relatório desde 2015.

O relatório reitera que os seres humanos são responsáveis ​​por todo o aquecimento global ao longo dos últimos 200 anos, levando a um atual aumento da temperatura de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, o que levou a eventos climáticos mais frequentes e perigosos que causaram destruição crescente às pessoas e o planeta.

“O relatório lembra-nos que cada aumento de aquecimento resultará em fenómenos climáticos mais extremos”, lê-se na página oficial das Nações Unidas.

Para além disso, o relatório foca-se nas necessidades urgentes de ações que considerem a justiça climática e se concentrem no desenvolvimento resiliente às alterações climáticas. .

Com Lusa