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Porta-voz do PAN na Madeira pede demissão de Inês Sousa Real por "ilegalidades estatutárias"

O porta-voz do PAN/Madeira, Joaquim Sousa, indicou que irá apresentar o pedido de demissão de Inês de Sousa Real na reunião prevista para esta noite, em que será ouvido pela direção do PAN, que propôs a sua suspensão imediata de funções e a expulsão do partido.

Joaquim Sousa convocou uma reunião da comissão política regional da Madeira do PAN com cinco pontos em ordem de trabalhos.
Joaquim Sousa convocou uma reunião da comissão política regional da Madeira do PAN com cinco pontos em ordem de trabalhos.
HOMEM DE GOUVEIA

O porta-voz do PAN na região da Madeira, Joaquim Sousa, pediu, esta quinta-feira, a demissão da porta-voz nacional do partido, Inês de Sousa Real, por "ilegalidades estatutárias" e por participar na tentativa de condicionar a Comissão Política Regional.

"Peço o afastamento da doutora Inês de Sousa Real da Comissão Política Permanente [do PAN] , porque não tem condições políticas, éticas ou pessoais para continuar a representar um partido que se baseia na empatia, na seriedade, no combate à corrupção, na honestidade e não nos compadrios", afirmou Joaquim Sousa, em declarações à agência Lusa.

Porta-voz vai pedir abertura de processo de inquérito

O porta-voz do PAN/Madeira indicou que irá apresentar o pedido de demissão de Inês de Sousa Real na reunião prevista para esta noite, em que será ouvido pela direção do PAN, que propôs a sua suspensão imediata de funções e a expulsão do partido.

"Vou pedir, nessa reunião, que seja aberto um processo de inquérito com vista à expulsão da doutora Inês de Sousa Real, por todo o mal que tem feito ao PAN e, acima de tudo, participar na tentativa de condicionar uma comissão política como a Comissão Política Regional da Madeira", apontou Joaquim Sousa.

Sobre a proposta da direção do PAN relativamente ao seu afastamento do partido, o porta-voz do PAN/Madeira acusou Inês de Sousa Real de "ilegalidades estatutárias", nomeadamente na escolha da lista candidata às eleições regionais e na retirada dos acessos ao e-mail e às redes sociais do PAN.

"Joaquim Sousa pediu para participar na votação que escolheu a lista candidata às eleições regionais e Inês de Sousa Real informou os comissários políticos nacionais que Joaquim Sousa não pediu para ser ouvido, o que é mentira. [...] Inês Sousa Real disse aos comissários políticos nacionais que ia ligar a Joaquim Sousa, até hoje nunca ligou", apontou o presidente da Comissão Política Regional do PAN/Madeira.

Joaquim Sousa é acusado de apelar à não votação no PAN

Relativamente às acusações da direção do PAN de que esteve a "apelar publicamente à não votação no seu próprio partido e inclusivamente andado a negociar e em conversações com outras forças políticas", Joaquim Sousa rejeitou todas essas críticas que são apontadas como justificação para a sua expulsão do partido.

"Joaquim Sousa poderia ter participado, se quisesse, nas eleições, porque foi convidado por outros partidos, e não, porque Joaquim Sousa não anda aqui a dizer que vai à direita ou vai à esquerda. Joaquim Sousa é militante do PAN, porque quer ser militante do PAN. Não anda aqui tipo ioiô: agora vou para a direita, agora vou para a esquerda, conforme me dá jeito", declarou.

Afirmando que o PAN tem sido sempre um partido de oposição na Madeira, o porta-voz regional criticou a posição da direção do partido:

"Decide pura e simplesmente, porque há ali um saco de tremoços para receber, voltar o bico ao prego e desdizer aquilo que o PAN andou a dizer, enquanto partido nos últimos anos. Porquê? Porque quer participar na gamela".

"Joaquim Sousa isso não faz, assim como não faz passar o pano por cima de ilegalidades estatutárias provocadas pela própria Inês de Sousa Real", frisou.

Porta-voz afirmou que “não ia votar PAN”

Em relação ao voto nas eleições regionais, Joaquim Sousa garantiu que não apelou à votação em qualquer partido, tendo apenas afirmando que "não ia votar PAN".

"O que Joaquim Sousa fez foi escrever um artigo de opinião a dizer porque é que não votava no PAN", referiu o porta-voz do PAN/Madeira, criticando a escolha da lista candidata às eleições regionais: "O que a doutora Inês de Sousa Real quis foi ter alguém maleável no parlamento regional da Madeira".

Referindo-se à cabeça de lista do PAN nas eleições da Madeira, Mónica Freitas, que foi a única eleita do partido, Joaquim Sousa acusou-a de se ter "autonomeado presidente do PAN/Madeira", uma vez que não contou com o porta-voz regional na reunião com o representante da República.

Na quarta-feira, o porta-voz do PAN/Madeira admitiu demitir-se do cargo caso a porta-voz nacional, Inês Sousa Real, não reconheça a ilegalidade do acordo de incidência parlamentar assinado com a coligação PSD/CDS-PP, que venceu as regionais sem maioria absoluta.

Nessa noite, a Comissão Política Nacional do PAN aprovou, "por uma ampla maioria", a ratificação do acordo de incidência parlamentar entre o partido e o PSD na Madeira.

Sem avançar já com a sua demissão, Joaquim Machado espera o resultado da reunião da noite desta quinta-feira sobre a proposta para a sua expulsão do partido.

Coligação PSD/CDS-PP venceu as eleições regionais da Madeira com 43,13%

A coligação formada por PSD e CDS-PP venceu no domingo as eleições regionais da Madeira, com 43,13% dos votos, mas sem conseguir obter maioria absoluta, elegendo 23 dos 47 deputados.

De acordo com resultados oficiais provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PS elegeu 11 deputados, o JPP cinco e o Chega quatro, enquanto a CDU (PCP/PEV), o BE, o PAN e a IL elegeram um deputado cada.

Na sequência do resultado eleitoral, a deputada regional eleita pelo PAN, Mónica Freitas, e o presidente do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, negociaram um acordo de incidência parlamentar para a legislatura.