Pelo menos, 22 hospitais já terão recebido escusas de médicos que se recusam a fazer mais horas extra do que aquelas a que estão obrigados por lei. O ministro da Saúde diz que as urgências sempre viveram de horas extraordinárias e nega que estejam em perigo de rutura.
Se nada mudar, em outubro, no Centro Hospitalar de Leiria, há turnos da noite onde as urgências de cardiologia e cirurgia não vão funcionar. Os médicos recusam-se a fazer mais do que as 150 horas extraordinárias a que estão obrigados por lei e, por isso, as escalas não estão asseguradas.
Leiria é um entre mais de 20 hospitais que já terão recebido recusas de médicos em trabalhar mais horas extra, passando por Portimão, Lisboa, Almada, Guarda, Viseu, Aveiro, Gaia, Penafiel ou Barcelos. A informação é do movimento "Médicos em Luta".
Manuel Pizarro, ministro da Saúde, garante que as urgências sempre foram um assunto complexo:
"Vivemos sempre nas urgências em larga medida de horas extraordinárias realizadas pelos profissionais, em geral, e pelos médicos, em particular, e a expectativa que eu tenho é, apesar dos problemas que enfrentamos, que seja possível encontrar em cada local o modelo de organização e de diálogo com os médicos que permita manter o sistema a funcionar"
Pizarro garante que não há perigo de rutura
O sistema depende de horas extra que os médicos querem travar e com o inverno a aproximar-se e um aumento expectável na corrida às urgências, Manuel Pizarro diz que está a fazer o máximo para pôr os hospitais a funcionar na melhor forma.
"Perigo de rutura seguramente que não. Podemos ter de enfrentar algumas dificuldades pontuais, mas, repito, nós ainda estamos na fase de trabalhar arduamente para evitar que isso aconteça e devo dizer que também contamos com a ajuda da Ordem dos Médicos e dos médicos para ultrapassar estas dificuldades", afirma.
O ministro da Saúde nega o perigo de rutura e diz que a Ordem dos Médicos está a ajudar com soluções. A Ordem, por sua vez, diz que o Governo está a ser passivo e pede mais investimento.