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Passam noite à porta de centro de saúde e nem assim conseguem consulta

O cenário tem sido frequente no último mês no centro de saúde de Moscavide. Há utentes a chegar 12 horas antes da unidade abrir portas para arranjarem uma consulta. Ainda assim, nem todos conseguem vaga. Há apenas 15 senhas.

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Dezenas de utentes passam a noite em frente à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Moscavide para conseguirem ser atendidos por um médico. Alguns chegam mais de 12 horas antes do centro de saúde abrir portas.

Foi o quarto que Leonardo Canário, que falou com a SIC, conseguiu arranjar para passar a noite. De casa trouxe mantas e almofadas para pernoitar à porta do centro de saúde de Moscavide. Tudo para conseguir ter uma consulta.

"Ando uma vida inteira a trabalhar e a descontar para o Governo português e é aqui que moro", afirma.

Leonardo é um dos 21 mil utentes que não têm médico de família e, tal como os outros utentes, chega durante a noite para garantir uma senha.

"Quando chega às 08:00 ou durante o fim de semana que abre às 10:00 dizem às pessoas que não há médico e que só têm 15 senhas. E os restantes vão todos para casa", relata.

O cenário tem sido recorrente no último mês e quem não conseguiu consultou voltou a tentar ainda mais cedo.

"Nos outros dias chego às 06:00 ou 07:00 e não consigo. Então tinha que vir aqui passar a noite com os outros e conseguir a consulta", conta Maria da Conceição.

Leonardo Canário refere que faltou ao trabalho para tentar ter uma consulta: "Perdi o dia de trabalho, perdi a consulta, perdi tudo. Belo dia".

Foi um dia na vida deste utente, que ficou sem resposta nos cuidados de saúde por não ter médico de família. Pede aos governantes para se colocarem na mesma posição.