Uma investigação da SIC apurou que as duas opções mais pontuadas antes da decisão política deverão ser o Campo de Tiro de Alcochete e Vendas Novas, a opção-surpresa que só perde na distância para Lisboa, mas ganha mesmo assim a Santarém por 20 quilómetros.
A opção que mudaria os dias de Vendas Novas é a que tem menos custos para funcionar como aeroporto complementar à Portela. Já tem autoestradas feitas e ferrovia não congestionada, que poderá responder às necessidades de um aeroporto secundário.
“Nós temos um conjunto de infraestruturas já no terreno que reduziriam muito os custos de implantação de um aeroporto", disse o presidente da Câmara Municipal de Vendas Novas, Luís Dias.
Mas se a opção for um aeroporto único, ao contrário do Campo de Tiro de Alcochete, que fica 25 quilómetros mais perto, Vendas Novas não precisa de novas autoestradas e fica no caminho do corredor ferroviário de alta velocidade associado à construção de uma terceira Travessia do Tejo."
Esta opção só apareceu na fase participativa aberta pela Comissão de Avaliação em que toda a gente pôde sugerir um local para o novo aeroporto.
Quase sem impactos ambientais
“As vantagens competitivas são várias. A primeira, a questão ambiental, porque não temos assinalados nenhuns problemas, nem constrangimentos, nem condicionalismos do ponto de vista ambiental na localização de Vendas Novas. E depois a mais-valia intermodal, na ligação ao meio ferroviário, mas também ao nível rodoviário, afirmou Luís Dias.
A alternativa que pode arrancar uma classificação elevada da Comissão Técnica de Avaliação fica a meia dúzia de quilómetros do nó da Marateca que junta três autoestradas. Situa-se entre a área de serviço de Vendas Novas da A6 e a linha de caminho de ferro do Alentejo que acompanha desde Bombel até Piçarras, onde ficaria a futura estação de comboios.
A nova linha de mercadorias Sines-Évora-Badajoz passará por lá e é também é nesse local que sai a linha de mercadorias que liga o sul ao Norte através do Setil.
Cumpre maioria dos critérios da avaliação
A Câmara conta com outro trunfo. Garante que várias partes do projeto de construção de um aeroporto no concelho Vendas Novas podem beneficiar de comparticipações comunitárias de 85%, o que só é também possível em Santarém.
O que a Comissão Técnica de Avaliação ainda não explicou é porque só agora apareceu em cima da mesa esta possibilidade e quem teve a ideia.
A localização, apurou a SIC, tem o suporte de nove organizações e especialistas em ambiente e ordenamento do território que apresentaram argumentos suficientes a favor da opção Vendas Novas para convenceram a Comissão Técnica a assumir a avaliação.
O documento que propôs o novo aeroporto em Vendas Novas, e a que investigação da SIC conseguiu acesso, evita a ocupação e sobrevoo de corredores ecológicos e áreas protegidas e o cruzamento de corredores aéreos usados por aves migradoras, ao contrário do que acontece com as localizações. Poceirão-Rio Frio Montijo e até campo de tiro de Alcochete, também situado na área ecológica sensível do maior aquífero da Península Ibérica.
Considera, ainda, que tem a vantagem de estar na confluência de três linhas elétricas de muito alta tensão e na proximidade do único oleoduto do país, o que evita o recurso ao transporte de combustível por modo rodoviário. Uma condição que só existe lá e no campo de tiro de Alcochete.
Freguesia vizinha exige mais meios e melhor saúde
Fatores diferenciadores, garantem os proponentes, mas que não deixam descansado o presidente da vizinha união de freguesias de Pegões, já no concelho do Montijo, onde cresceria a cidade aeroportuária de apoio à infraestrutura.
Se a escolha recair nas Piçarras, em Vendas Novas, os decisores ficam já a saber que há muito para fazer antes de trazerem um aeroporto.
O relatório final da Comissão Técnica de Avaliação será colocado no correio daqui a menos de um mês.
Depois, o Governo e o PSD vão ter de entender-se para decidirem qual é a escolha para o futuro do país.