O Lar de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 17 pessoas durante um surto de covid-19, vai processar a Ordem dos Médicos por difamação. A Ordem disse que o lar não cumpria as orientações da Direção-Geral da Saúde. O tribunal arquivou o processo e o lar quer agora uma indemnização superior a dois milhões de euros.
O Lar de Reguengos de Monsaraz, onde há três anos houve um surto de covid-19, vai processar a Ordem dos Médicos por difamação. A ação conta com a assinatura de 23 pessoas que exigem uma indemnização de 2,25 milhões de euros, por danos que consideram ser irreparáveis.
Foi há mais de três anos, mas está tudo ainda bem vivo na memória de quem aqui vive ou trabalha.
Um surto de covid-19 invadiu o Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, em junho de 2020.
Altura em que várias informações sobre o funcionamento da instituição vieram a público, que muitos diziam não ser verdade.
Membros do anterior Conselho de Administração do lar dizem que é tempo para se fazer justiça. Processam agora a Ordem dos Médicos por difamação.
23 pessoas assinaram a ação da Fundação que chegou há poucos dias ao Tribunal Administrativo de Lisboa.
Exigem uma indemnização de 2,25 milhões de euros pelos danos que sofreram e que tiveram repercussões "ao nível da saúde, equilíbrio emocional, imagem e honra".
Danos causados pelas declarações do antigo bastonário, Miguel Guimarães, e pelo relatório produzido pela Ordem dos Médicos que culpava os gestores do lar e a falta de condições sanitárias pela propagação do surto e pelas mortes de 17 idosos e uma funcionária.
A fundação acusa a Ordem de ter terminado o inquérito com um "falso relatório" onde insinua que houve "violações de regras na gestão do surto".
Segundo a ação da Fundação, o relatório foi tornado público em agosto de 2020, como forma de encenar "uma realidade falsa".
Já em Maio deste ano, o Ministério Público decidiu arquivar o inquérito às denúncias de más práticas durante a pandemia. A procuradora considerou que houve falta de preparação, mas não houve responsabilidade criminal de dirigentes, médicos e assistentes sociais envolvidos
A ação surge agora como forma de repor o bom nome da Fundação e de todos os envolvidos.
Como testemunhas no processo está Ana Mendes Godinho - ministra da Segurança Social, Marta Temido ex-ministra da Saúde, um militar, assim como inspetores da Polícia Judiciária e da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde.