É uma situação com tendência a piorar ao longo deste mês, que vai apenas no segundo dia. A indisponibilidade de muitos médicos em cumprirem mais horas extraordinárias do que as previstas na lei, está a fechar serviços de Norte a Sul. Pelas contas do movimento Médicos em Luta em 38 hospitais do país, cerca de 90% dos serviços estão indisponíveis, o que é inédito.
Segundo os dados dos "Médicos em Luta", Garcia de Orta (Almada), Amadora - Sintra, Aveiro, Barcelos, Barreiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Caldas da Rainha e Torres Vedras, Coimbra, Leiria, Covilhã, Évora, Famalicão e Santo Tirso, Faro, Figueira da Foz, Vila Nova de Gaia, Guimarães, Guarda, Leiria, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Santa Maria (Lisboa), São Francisco Xavier (Lisboa), Beatriz Ângelo - Loures, Matosinhos, Penafiel, Portalegre e Elvas, Portimão, São João (Porto), Santo António (Porto), Póvoa de Varzim, Santa Maria da Feira, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo e Ponte de Lima, Vila Franca de Xira, Vila Real-Chaves-Lamego e Viseu serão os mais afetados.
Sendo que, em 19 serviços de vários hospitais do país, como, por exemplo, em Ortopedia no Hospital de Santa Maria da Feira, em Cirurgia Geral, em Viana do Castelo e Ponte de Lima, a Pediatria e a Neurologia, do Garcia de Orta, a Obstetrícia do Hospital de Guimarães e a Cirurgia Geral nos hospitais de Barcelos e das Caldas da Rainha, 100% dos médicos já tinham pedido escusa.
E a cada dia, a lista de médicos que se mostram indisponíveis, alegando que não pedem mais do que o que já tiveram e lhes foi tirado, aumenta a olhos vistos.
Além destas falhas em hospitais, também se confirma que 25 de 55 agrupamentos de centros de saúde estão a ser afetados. Em Lisboa são seis, na zona Norte 15, três no região Centro, e um no Alentejo.
A falta de acordo nas negociações entre médicos e a tutela está a levar a luta dos clínicos a um nível nunca visto no Portugal democrático. A próxima reunião entre o ministro Manuel Pizarro e os sindicatos acontece no próximo sábado.
Penafiel e Braga apenas dois dos muitos exemplos
Em Penafiel, os utentes estão cada vez mais preocupados com o encerramento de vários serviços de urgência no hospital. Um problema que se está agravar este mês devido ao risco de fecho da urgência pediátrica já a partir do próximo dia 14.

O bloco de partos não está a funcionar e as utentes que precisem de atendimento na urgência de obstetrícia ou ginecologia têm de se dirigir ao Hospital de S. João do Porto.
Os serviços encerraram às 00:00 de quarta feira e por tempo indeterminado devido à falta de médicos para completar as escalas. E, a partir do dia 14, a urgência pediátrica corre também o risco de fechar.
Também em Braga, voltaram a repetir-se os constrangimentos do último fim de semana. Os serviços de ginecologia, obstetrícia e o bloco de partos, estão fechados até às 8:00 de sábado.
A recusa dos médicos às horas extraordinárias, além das previstas por lei, já obrigou esta unidade hospitalar a reduzir o número de camas dos cuidados intensivos.
Os utentes são obrigados a recorrer aos hospitais mais próximos de Famalicão, Viana do Castelo e Guimarães.