Em reação à conversa de Marcelo Rebelo de Sousa com o embaixador da Palestina, o secretário-geral do PCP diz que o Presidente da República se esqueceu do contexto histórico entre Israel e o Hamas.
"São palavras que, no fundamental, correspondem ao cumprimento da resolução das Nações Unidas, dois estados e é isso que tem marcado as afirmações que tem feito, desta vez esqueceu-se do contexto histórico e que não podemos deixar de ter em conta. Parece que as palavras não tenham sido as mais felizes e tenho a certeza que o Presidente da República tomará o caminho defendido até aqui", disse o secretário-geral do partido comunista.
As críticas de Paulo Raimundo surgem horas depois de o Presidente da República ter dito ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal que alguns palestinianos "não deviam ter começado" esta guerra com Israel, aconselhando-os a serem moderados e pacíficos.
"Desta vez foi alguém do vosso lado que começou. Não deviam", considerou o chefe de Estado português, num diálogo com Nabil Abuznaid, em inglês, durante uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa.
No fim da conversa, o chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal manifestou-se desapontado com as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Se queremos ser justos, temos de condenar a violência dos dois lados, pelo menos, e de condenar a ocupação, essa é a raiz do problema. Se queremos ser justos. E o Presidente repetiu cinco vezes para a imprensa aqui o ataque de 7 , mas não mencionou o povo de Gaza. Isto é injusto", declarou Nabil Abuznaid aos jornalistas.
Ao passar pela banca da Palestina, Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou Nabil Abuznaid, que agradeceu a visita do chefe de Estado português neste "tempo muito difícil".
O Presidente da República concordou que "é um período difícil", acrescentando: "Mas, sabe, penso que dependerá muito de vós. Têm de ser um exemplo de moderação".
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o ataque do Hamas de 7 de outubro em território israelita não contribui para a luta por um Estado soberano da Palestina.
"Têm de ser moderados, de outro modo, perdem a vossa razão", reforçou.
Com Lusa