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Análise

Marcelo "vai convocar eleições dentro de prazos que possam resolver questões que estão em aberto"

Na opinião de Luís Delgado, comentador da SIC, o cenário mais provável será a dissolução da Assembleia da República e as eleições deverão acontecer até março.

António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa na homenagem às vítimas dos incêndios em Pedrógão Grande, em 2017
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Marcelo Rebelo de Sousa decide esta quinta-feira o futuro político do país. Depois de ouvir os partidos, o Presidente da República reúne o Conselho de Estado e, ao início da noite, fala ao país. Na opinião de Luís Delgado, o cenário mais provável será a dissolução da Assembleia da República e as eleições deverão acontecer até março, depois de aprovar o Orçamento do Estado e de dar tempo ao PS para se organizar e escolher o futuro candidato a primeiro-ministro.

"O Presidente da República vai convocar eleições dentro de prazos que possam resolver questões que estão em aberto (…) A vitória dos partidos tem muito a ver com o partido e a capacidade de ter eleitores que votem nele, mas muito com a figura, com o líder, com a cara que os portugueses que votam naquele partido gostariam que fosse o primeiro-ministro, por isso tem esse vínculo pessoal que é importante manter-se e existir, e o Partido Socialista tem que fazer a mudança o mais depressa possível", explica o comentador da SIC.

No entender de Luís Delgado, “até março não se levanta nenhuma questão com um Orçamento aprovado (…) Depois da aprovação do Orçamento e depois um Governo em gestão executar um Orçamento que é válido e que está a funcionar para dar tempo ao Partido Socialista e até aos outros partidos todos para se organizarem no sentido de um ato eleitoral que não estava de todo previsto".

A sugestão do Partido Socialista para ser indigitado um novo primeiro-ministros não terá sido ponderada pelo Presidente da República que, na opinião de Luís Delgado, já terá tomado a sua decisão, mesmo antes de ouvir os conselheiros de Estado.

Sobre a demissão do primeiro-ministro que mergulhou o país numa crise política, o comentador da SIC sublinha que “uma situação em que o chefe de gabinete do primeiro-ministro é detido e em que há polícias a fazer uma busca na residência de São Bento, atinge diretamente o coração do Governo e o primeiro-ministro”.

“Em qualquer circunstância, mesmo que não estivesse relacionado com nada, mesmo que não viesse aquele parágrafo que veio, em qualquer circunstância, o primeiro-ministro de certeza, em sua consciência, teria que dizer ao Presidente da República que colocava o lugar à disposição porque não tinha condições de estabilidade, de credibilidade, de confiabilidade nos próximos dois anos e meio”, realça Luís Delgado.

Os cinco detidos da Operação Influencer, o nome que a SIC sabe ter sido escolhido para o caso, começam esta a ser ouvidos em tribunal esta manhã. Foram ontem identificados e começaram a consultar o processo, que tem 27 volumes.

Os arguidos vão prestar declarações e, por isso, é esperado que os interrogatórios durem vários dias. Só no final, são conhecidas as medidas de coação a aplicar.


Entretanto vão sendo conhecendo mais pormenores sobre a investigação que levou à demissão do primeiro-ministro. A SIC apurou que foram encontrados mais de 75 mil euros, em numerário, no gabinete de Vítor Escária, em São Bento, e existem ainda mais de 20 escutas telefónicas que ligam António Costa aos factos sob investigação.