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"Presidente jogará com os dias para aprovar o Orçamento do Estado"

Em dia de decisões, Marcelo ainda se reúne com o Conselho de Estado, após todos os partidos políticos terem expressado a sua vontade de ir a eleições antecipadas, rapidamente. A análise de Bruno Costa, cientista político, não difere dos palpites.

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O Presidente da República fala esta quinta-feira ao país, para comunicar a sua decisão após a demissão do primeiro-ministro. Para Bruno Costa, analista da ciência política, acha que Marcelo Rebelo de Sousa irá jogar com o calendário, dissolver e ainda conseguir que o OE2024 seja aprovado.

“Parece-me que aqui que o Presidente da República irá acabar por adotar a decisão que satisfaz todos os intervenientes do jogo político e eleitoral. A dissolução da Assembleia da República (AR) e vamos para eleições antecipadas. Parece-me que o tempo dessas eleições permite que o Presidente jogue com alguns dias para aprovar o OE”, afirma Bruno Costa.

Esta quarta-feira, os partidos políticos foram a Belém para se reunirem com o Presidente sobre os passos a tomar nos próximos dias relativamente à governação do país e concordam, unanimemente, que a solução é ir para eleições “o mais rápido possível”.

Por isso, no que diz respeito à data, Bruno Costa palpita quando será, mas sempre respeitando o tempo para a aprovação do OE e, também, para as eleições internas no Partido Socialista.

“Depois do decreto da dissolução, as eleições têm de ser marcada sem 60 dias. No início de janeiro não seria favorável, sendo muito próximo ao período festivo, estas poderão ocorrer entre final de janeiro e meados de fevereiro”, aponta o analista político.

Para o analista político, a aprovação do OE acaba por ser importante para a estabilidade do país, para acalmar os ânimos ou impressões a nível internacional, mas também para o bem da sociedade portuguesa.

“Há medidas que já são conhecidas, já foram amplamente discutidas, existe uma expectativa para este orçamento e a não aprovação causaria entropia na sociedade portuguesa, seria de evitar. O Presidente consegue conciliar as agendas”, refere.

A respeito da Operação Influencer - as investigações que envolvem próximos de António Costa e o próprio - o advogado de Lacerda Machado já referiu que o Ministério Público não ficará de pé depois deste alvoroço.

“Aquilo que se pede é transparência grande relativamente a este caso, em virtude do seu impacto, desde que o caso foi anunciado vamos tendo informações mais objetivas em relação ao que está em questão”, acautela Bruno Costa.

Da mesma forma, o analista político considera que a sucessão de buscas e validação de escutas tem de estar associada “a uma gravidade tal” que levou a validação deste processo.

Caso isso não se verificar, teremos um “cenário de política dominada pela justiça e isso coloca em causa o papel da justiça no quadro democrático português”.

“Perante todos estes factos, o primeiro-ministro acabou por se afastar deste processo para não ser diretamente atingindo ainda mais pelos factos associados a este processo”, conclui.

Após ter recebido todos os partidos do Parlamento, Marcelo irá reunir-se em Conselho de Estado esta quinta-feira às 15:00 e irá comunicar a decisão aos portugueses mais tarde.