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Análise

Recessão técnica? "Temos aqui uma quantidade de ingredientes que têm tudo para serem explosivos"

Rosália Amorim elogia a decisão e argumentação de Marcelo Rebelo de Sousa e sublinha que o Presidente da República tentou encontrar um compromisso entre a economia e a política. Contudo, a diretora de Informação da TSF diz que os próximos dois anos em Portugal "podem ser mais difíceis do que provavelmente antevíamos".

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Portugal vai a eleições antecipadas a 10 de março, daqui a precisamente quatro meses. Um prazo demasiado extenso para alguns partidos, mas que o Presidente da República justificou no discurso proferido esta quinta-feira, no qual anunciou a dissolução da Assembleia da República e o calendário eleitoral. Rosália Amorim, diretora de informação da TSF, analisa a atualidade política e os eventuais impactos a nível económico.

"Marcelo teve a preocupação de dar aqui um sentido de continuidade e não abrir uma crise política orçamental em cima de outra crise política e dando este sentido de continuidade quis claramente que o orçamento fosse aprovado.

Ter um orçamento em duodécimos ou ter um orçamento aprovado, ainda que possa ter um retificativo daqui em diante, creio que é melhor não ir para duodécimos o país não trava a fundo a máquina continua a funcionar", considera Rosália Amorim.

No entender da diretora de Informação da TSF, Marcelo quis assegurar que “não haveria aqui uma desculpa para que o PRR tivesse uma execução ainda mais lenta, porque, como sabemos, não tem sido aquela que seria desejável”.

Rosália Amorim elogia a decisão e argumentação de Marcelo Rebelo de Sousa e sublinha que o Presidente da República tentou encontrar um compromisso entre a economia e a política.

Perante os vários cenários políticos a seguir às eleições, que podem ir de uma nova "geringonça" a um governo de direita, e os eventuais impactos a nível orçamental, a diretora de Informação da TSF considera que os próximos dois anos "podem ser mais difíceis do que provavelmente antevíamos".

“Há poucos meses, o país entrou em estagnação em termos de crescimento do PIB, portanto teve um resultado dececionante, se mais um trimestre houver, assim podemos entrar em recessão técnica e se isso acontecer, são muitos os desafios”, explica.

O contexto de duas guerras em simultâneo e a previsão de um maior aumento do preço do petróleo podem contribuir também para o agravamento da frágil situação do país.

"Se assim for, há um desafio gigante, os juros vão voltar a subir, porque o BCE fez apenas uma pausa, mas não mudou a política monetária e, portanto, nós temos aqui uma quantidade de ingredientes que têm tudo para ser bastante explosivos", conclui a diretora de Informação da TSF.