A detenção do presidente da Câmara de Sines no âmbito da Operação Influencer apanhou de surpresa os habitantes da região e os partidos da oposição. Os ambientalistas acreditam que o momento pode ser aproveitado para se fazer uma reflexão sobre o impacto dos negócios no território.
Depois de ter sido detido esta terça-feira, Nuno Mascarenhas é agora investigado por alegado favorecimento à empresa Start Campus. Apesar de já ter sido implicado noutros processos, o socialista que conquistou a autarquia em 2013 com maioria absoluta, tem mantido a sua popularidade entre os sineenses.
Ambientalistas veem janela de oportunidade
Do hidrogénio verde à transição digital, Sines é agora o centro das atenções. A maioria dos habitantes diz ter ficado em choque e inibe-se de comentar publicamente o caso, preferindo aguardar por desenvolvimentos. Quem não se resigna ao silêncio são os movimentos ambientalistas: acreditam que a investigação do Ministério Público é apenas "a ponta do iceberg" e veem nela uma janela de oportunidade para a discutir os impactos destes projetos no território.
Desde a sua implementação que o H2Sines tem sido alvo de contestação ativista. O processo para a transição energética tem dividido opiniões devido aos consumos que serão gerados a pensar na exportação do combustível e que irão alimentar também o centro de dados da Start Campus.
Indiciado de desbloquear procedimentos para benefício da empresa está João Galamba, que num de muitos almoços terá assegurado aos administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, os atos necessários para reforçar a capacidade de injeção da rede elétrica de Sines.
Para o porta-voz do movimento MAISines, a continuidade dos investimentos é necessária para a expansão da região e a investigação não deverá atrasar nenhum dos projetos.
O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, terá acedido de igual forma aos pedidos de Afonso Salema e Rui Oliveira Neves para acelerar os planos de construção da central. Uma "violação de deveres de imparcialidade e rigor" que, segundo o Ministério Público, acabou por beneficiar indevidamente a arguida Start Campus, ferindo assim a confiança dos cidadãos nas instituições públicas.