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Mário Centeno confirma que não foi convidado por Marcelo para chefiar Governo

Revelação feita numa nota publicada no site do Banco de Portugal. Centeno diz que aceitou reflexão proposta pelo primeiro-ministro, mas que nunca aceitou o cargo de primeiro-ministro porque o Presidente optou por dissolver o Parlamento.

Mário Centeno confirma que não foi convidado por Marcelo para chefiar Governo
ANTÓNIO COTRIM
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O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, recuou esta segunda-feira nas declarações que tinha feito ao Financial Times. Centeno diz que não foi convidado pelo Presidente da República para chefiar o Governo.

Num comunicado publicado no site do Banco de Portugal, o governador esclarece que foi convidado por António Costa “a refletir sobre as condições que poderiam permitir que assumisse o cargo de primeiro-ministro”, convite que surgiu depois das conversas que o primeiro-ministro manteve com o Presidente da República.

Centeno diz que aceitou refletir, mas que nunca aceitou o cargo porque Marcelo Rebelo de Sousa optou por dissolver o Parlamento.

As declarações do governador do Banco de Portugal surgem horas depois do Presidente da República negar que tenha convidado quem quer que seja para chefiar o Governo, incluindo o governador do Banco de Portugal, ou autorizado qualquer contacto para este efeito.

Leia abaixo o comunicado na íntegra:

"Na sequência dos eventos desencadeados com a demissão do senhor primeiro-ministro, no dia 7 de novembro, este convidou-me a refletir sobre as condições que poderiam permitir que assumisse o cargo de Primeiro Ministro.

O convite para essa reflexão resultou das conversas que o Senhor Primeiro Ministro teve com o Senhor Presidente da República.

Num exercício de cidadania, aceitei refletir.

Não foi possível dirimir neste curto espaço de tempo todas as condições de exercício do que me era solicitado. Desta forma, nunca houve uma aceitação do cargo, mas apenas uma concordância em continuar a reflexão e finalizá-la em função da decisão que o Senhor Presidente da República tomaria.

O senhor Presidente da República, depois da realização do Conselho de Estado, no dia 9 de novembro, optou pela dissolução da Assembleia da República.

Em resultado desta opção, é inequívoco que o Senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo."

Comissão de Ética do Banco de Portugal reúne hoje

A Comissão de Ética do Banco de Portugal, responsável por avaliar um eventual conflito de interesses do governador da instituição gerado pelo convite do primeiro-ministro a Mário Centeno, vai reunir-se hoje à tarde, ao que a SIC apurou, sem a presença de Centeno.

Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal
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Segundo o regulamento de conduta do supervisor bancário, cabe à Comissão de Ética "promover a elaboração, a aplicação, o cumprimento e a atualização do código de conduta do Banco aplicável aos membros do Conselho de Administração".

A Comissão de Ética, presidida por Rui Vilar, reúne-se uma vez por trimestre e extraordinariamente sempre que for convocada por iniciativa de qualquer dos seus membros ou pela solicitação do Conselho de Administração ou do Conselho de Auditoria.

A reunião extraordinária de hoje surge após as críticas dos partidos políticos ao convite a Mário Centeno.