Luís Montenegro reage à polémica em torno do Mário Centeno e o suposto convite do Presidente da República - que já foi desmentido - e apela para que não se degrade ainda mais o bom nome das instituições com intervenções públicas.
Para o líder do PSD, as intervenções do governador do Banco de Portugal estão a alimentar um “estado de degradação” que o país já vive e faz um apelo a todos os intervenientes públicos.
“É preciso respeitar em Portugal as separações de poderes, é preciso respeitar a independência e isenção das entidades que têm a seu cargo a regulação, como é o caso do Banco de Portugal e é preciso em Portugal que se evitem situações de abuso de poder e mesmo de comunicação. O PSD faz um apelo firme relativamente a todos os que têm intervenção pública para não deixarem irem mais longe este estado de degradação em que estamos”, comunica Luís Montenegro.
Para o líder social-democrata o apelo aplica-se a todos, tendo em conta que “numa situação grave” em que o país vive, com a credibilidade externa e interna de Portugal em causa, “todos devem ter um comportamento” adequado
Relativamente à permanência de Mário Centeno no cargo de governador do BdP, o líder do PSD não diz diretamente que o mesmo se devia demitir, mas indica que está na hora para repensar as suas funções.
“Centeno terá de fazer uma avaliação relativamente às garantias de isenção que estão subjacentes à posição, eu sei o que faria no lugar dele e não é difícil prever tendo em conta o que estou a dizer”, remata Montenegro.
A cabeça do Partido Social Democrata apela, uma última vez, a que todos estanquem o “caminho de degradação” que considera ser cada vez pior para a democracia e, neste caso, por via das próprias e principais instituições.
Avanços e recuos
Ao Financial Times, Mário Centeno revelou que recebeu um convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para considerar a possibilidade.
Mas Presidente da República negou esta segunda-feira que tenha convidado quem quer que seja para chefiar o Governo, incluindo o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, ou autorizado qualquer contacto para este efeito.
Após isto, o governador do recuou nas declarações que tinha feito ao Financial Times. Centeno diz que não foi convidado pelo Presidente da República para chefiar o Governo.
A Iniciativa Liberal, que já reagiu, entende que "o simples facto de [Mário Centeno] admitir a possibilidade de integrar um Governo nesta situação põe em causa" a sua independência nas funções que desempenha no Banco de Portugal. Acrescenta que Centeno "só tem um caminho a seguir" que é abandonar o cargo de governador do Banco de Portugal.