Esta terça-feira, na Edição Especial Operação Influencer, a advogada e deputada do Partido Socialista (PS) Isabel Moreira esteve a analisar, conjuntamente com a advogada Ana Pedrosa-Augusto, as medidas de coação de todos os arguidos desta investigação. No mesmo dia o Ministério Público confirmou que vai recorrer das medidas de coação aplicadas aos arguidos desta investigação.
A deputada socialista começou por afirmar que “é muito difícil falar em tudo o que poderá acontecer”, mas “o Ministério Público criou uma expectativa de gravidade”, que segundo Isabel Moreira ontem essas expectativas foram defraudadas.
"Numa análise com a devida cautela há uma segurança que as pessoas possam sentir neste momento quanto à robustez da investigação do Ministério Público (MP) e alguma impreparação do MP para distinguir aquilo que são atos normais da política e do poder legislativo, e aquilo que é matéria criminal", afirmou a deputada. .
Já a advogada Ana Pedrosa-Augusto afirma que podemos observar para esta situação “em pelo menos, duas perspetivas - ainda que consigamos encontrar ainda mais”.
“Há uma primeira perspetiva […] em que quase com surpresa para todos os nós, vimos o que aconteceu ontem em que todos [os arguidos] saem em liberdade e um deles nem sequer sai indiciado por qualquer tipo de crime. Isto é algo que não sei se será uma derrota do Ministério Público. Quero acreditar que é uma vitória da Lei […]", afirmou Ana Pedrosa-Augusto.
Para a advogada, esta atitude "levanta dúvidas sobre aquilo que o MP considera dever ser a aplicação de uma medida prévia de pessoas para detenção, que é um processo normal hoje em dia, mas não considero que devesse ser”.
"A outra perspetiva que eu acho que é muito importante também é a opinião das pessoas, de todos nós, perante aquilo que é a Justiça. Porque as pessoas não compreendem - a maioria dos leigos, que nem têm de perceber como funciona um processo deste nível - qual é a forma de atuação, nem se podem confiar na Justiça. Mas como, se todos os dias temos este tipo de atuação diferente?
Se fosse hoje, Costa não se teria demitido?
Questionada se houve um condicionamento da Justiça na decisão de António Costa, na apresentação da demissão, Isabel Moreira afirma que António Costa fez o que a própria teria feito, se estivesse no seu lugar.
“Quando há uma declaração ao país, através de um comunicado de imprensa, em que se fala de crimes gravíssimos como corrupção e prevaricação, e depois há um parágrafo muito vago em que se diz que vai haver um processo judicial no Supremo relativamente ao primeiro-ministro […] é natural que ele tenha tomado a decisão que tomou”