Quando se entregou na prisão de Évora, na companhia do mesmo advogado que agora representa Vitor Escária, Armando Vara já sabia que o momento ficaria na história da justiça em Portugal.
Nunca alguém tinha sido condenado a pena efetiva apenas por traficar influências, desde que o crime entrou para o Código Penal, há então 26 anos. O ex-ministro de Sócrates foi o primeiro.
Tinha cinco anos de prisão pela frente, pela autoria exclusiva de três crimes de tráfico de influências no polémico processo Face Oculta.
A Justiça deu como provado que recebeu 25.000 euros em dinheiro e outras prendas de Manuel Godinho, o principal arguido no caso, em troca do favorecimento das empresas do sucateiro de Ovar.
Apenas quatro pessoas cumpriram pena efetiva
Segundo o que a SIC apurou, 15 pessoas foram condenadas em primeira instância pela pratica do mesmo crime, ao longo dos últimos 12 anos.
Destas 15, apenas quatro, Armando Vara incluído, foram obrigadas a cumprir penas efetivas. Desde 2009, pelo menos 30 pessoas foram constituídas arguidas.
A Polícia Judiciária teve nas mãos 230 inquéritos, mas a maioria foi arquivado.