Luís Montenegro deixou este sábado claro, no discurso de encerramento do congresso do PSD, que está pronto para ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. De armas direcionadas ao PS, lamentou o “pântano” em que o partido deixou o país e prometeu que o PSD será “o farol da esperança”.
Fez ainda promessas eleitorais que garantiu estarem livres de “truques”, reconheceu a “gigante tarefa” pela frente e assumiu que, apesar de não ter sido capaz de estar à altura do esperado, está, a partir de agora, a postos para ser o líder “de que o país precisa”.
O legado de Cavaco Silva perdurará
No discurso de encerramento do congresso, que se estendeu além dos 40 minutos, Luís Montenegro dirigiu parte das primeiras palavras ao antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, presença surpresa da noite.
“Cavaco Silva é responsável pelo maior e mais profundo legado de desenvolvimento que Portugal conheceu no pós-25 de Abril”, disse Montenegro.
Legado esse que o presidente do PSD garante que será uma inspiração para os próximos anos.
“A sua visão, honestidade, sensibilidade social, vontade de dar às pessoas o instrumento que elas precisam para poder atingir os seus sonhos, esse legado, essa marca, são uma referência e sobretudo uma grande inspiração para aquilo que vamos fazer em Portugal nos próximos anos. Nós vamos estar à altura do seu legado nos próximos anos”, afirmou.
PSD, o partido “que representa toda a gente”
Num discurso que Montenegro assumiu como agregador, sublinhou que o Partido Social Democrata é “o partido das pessoas, do povo, que representa toda a gente”, ao mesmo tempo que “olha para cada ser humano” individualmente.
Por isso, assumiu a responsabilidade de, no futuro, proporcionar às várias gerações as condições e oportunidades que têm falhado, para que os jovens “não tenham que abandonar as famílias e sair de Portugal”, para que os trabalhadores “paguem menos impostos” e para que os idosos vejam as “reformas valorizadas”.
“Vamos mesmo impulsionar os salários, criar mais riqueza e pagar menos impostos. Portugal precisa mais do que nunca de uma classe média forte, motivada e dinâmica”, disse.
De armas viradas para o PS, acrescentou que o país não pode aceitar “essa concessão socialista segundo a qual quem ganha 1.200 euros líquidos é rico”.
O ataque (bem direto) ao PS: Costa e os “dois aspirantes”
E se no primeiro discurso do dia Luís Montenegro já não tinha deixado margem para dúvidas nas críticas ao PS, no encerramento voltou a virar atenções para os socialistas, que acusa de conduzir o país a uma “situação de pântano político”.
“Em 22 anos é a terceira vez que o PS conduz Portugal a uma situação de pântano político e, à boa maneira do partido, querem agora aparecer como vítimas da situação. Mas a situação mostra, de forma inequívoca, que as vítimas são os portugueses”, diz Montenegro.
Foi a António Costa, Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro que atirou as críticas mais duras: sem nunca mencionar os três nomes, referiu-se ao primeiro-ministro demissionário e aos “dois aspirantes ao seu lugar” como o “núcleo duro disto tudo”, acrescentando que são “todos farinha do mesmo saco”.
As primeiras promessas eleitorais
E se Montenegro está confiante de que o PSD vai ganhar as eleições de 10 de março “por aquilo que vai ser capaz de fazer”, aproveitou para lançar já as primeiras promessas eleitorais.
“Sem truques”, assume a garantia de baixar o IRS até ao oitavo escalão e resolver “o grande problema” do país: a valorização salarial. O presidente dos sociais-democratas elege a classe média como uma das prioridades da legislatura, no caso de vitória nas eleições, por considerar que “há cada vez mais portugueses no nível do salário mínimo”.
“O grande problema de Portugal é que enquanto o salário mínimo subiu muito, os outros estagnaram ou ficaram quase na mesma”, disse.
Promete ainda que as pensões e reformas não sofrerão cortes - “não vamos cortar nem um cêntimo” - e que o mínimo para os pensionistas passará a ser de 820 euros. Assume ainda um objetivo para uma segunda legislatura: que esse mínimo seja equiparado ao salário mínimo nacional.
Compromete-se ainda com a reposição integral do tempo de serviço dos professores, de forma “gradual e exequível”.
Para terminar, reconheceu “a tarefa gigante” que o partido tem pela frente, assumindo-se pronto para a enfrentar, com uma ambição recarregada por este congresso.