Depois de perder quase toda a família na Faixa de Gaza, Ahmad Nour, que vive em Portugal há quase nove anos, luta para continuar com a filha, internada no Santa Maria, em Lisboa. Os dois estiveram juntos nos últimos dias, num momento que foi registado no quarto do hospital, onde Nour se encontra há quase uma semana.
"Estou feliz de ver por ver a minha filha novamente depois desta tragédia" , disse Ahmad, pedindo para que a filha volte para casa.
A assistente social que avaliou o caso refere, num documento a que a SIC teve acesso, que ele “é um pai presente, interessado que se envolve nos cuidados à sua filha” Mas o amor do pai pela filha não chega.
No mesmo documento, pode ler-se que "não há uma situação de perigo (...) mas há fatores de vulnerabilidade, ausência de rendimentos, situação de despejo da habitação onde reside" que não permitem que Nour tenha luz verde para sair do Santa Maria e regressar a casa apesar de já ter alta clínica.
Ahmad está em vias de perder a casa
Os serviços sociais dizem que a casa do pai, arrendada no centro de Lisboa, onde esteve uma equipa de reportagem da SIC, não tem condições dignas que assegurem o bem estar da menina. Sinalizaram, por exemplo, "a ausência de um frigorífico, de um fogão e de apoio alimentar".
Ahmad está em vias de perder a casa, num processo de despejo que já deu entrada. Mas o pai diz que ficar no hospital não é solução.
No documento, a assistente social refere mesmo que o teto de um dos quartos está em risco de ruir.
"Sim, tenho medo [que o estado retire a filha]", admite Ahmad, que viu morrer quase toda a família em Gaza.
“A minha vida acabou em Gaza”
Desempregado, o pai procura regressar à vida 15 dias depois de ter visto a mulher, os dois filhos mais velhos e os pais ficarem debaixo destes escombros.
"A minha vida acabou em Gaza".
Pai tem dormido num sofá do hospital
Ahmad está há nove anos em Portugal já tem a nacionalidade portuguesa, tal como a filha. Está a fazer o doutoramento em Engenharia Civil. Em entrevista à SIC, diz não sentir o apoio do Estado Português.
Está há uma semana a dormir num sofá do Santa Maria e já pensa em desistir dos estudos. Mas mantém a esperança de poder sair em breve com a filha no colo, mesmo sem o apoio financeiro que a família em Gaza sempre lhe deu.