Depois da vitória no fim de semana, Pedro Nuno Santos inicia esta segunda-feira o primeiro dia oficial de trabalhos. O novo secretário-geral do Partido Socialista vai visitar, durante a tarde, oficinas da CP em Matosinhos, que foram reabertas em 2020, quando ainda era ministro das Infraestruturas. Paulo Baldaia faz o balanço das eleições no PS e uma antevisão dos maiores desafios que se colocam ao novo líder do PS.
O comentador da SIC considera que Pedro Nuno Santos vai ter de se afirmar na liderança do partido "num jogo de sombras", "não apenas pela sombra que António Costa fará ao novo secretário-geral do PS", mas também "com a sua própria sombra".
Pedro Nuno Santos "tem um problema com a sua própria sombra, no sentido em que tudo aquilo que ele foi afirmando e mostrando que era alternativa e que, de certa maneira, era oposição interna a António Costa, o vai perseguir até 10 de março e, portanto, tudo aquilo que ele disse e que agora está a recuar para dizer coisas diferentes", explica Paulo Baldaia.
À procura de recentrar o próprio posicionamento político à porta das eleições, Pedro Nuno Santos terá pela frente vantagens e desvantagens, sublinha o comentador da SIC.
"Ele sempre se apresentou como um político da ala esquerda do PS. Neste momento, procura libertar-se dessa amarra que, aliás, lhe foi apontada pelo seu adversário político interno, José Luís Carneiro, dizendo, aliás, no discurso de vitória, que estas coisas de direita, esquerda e centro, a questão da bolha política e mediática, que o povo português não pensa nisso, pensa em quem lhe pode resolver os problemas".
“Ao recentrar o seu pensamento político, ou pelo menos as suas propostas políticas, tem a vantagem de alargar o eleitorado, onde pode ir buscar votos para vencer as eleições, mas tem uma desvantagem óbvia que é a de quem se afirma como um político de convicções estar a tocar algumas dessas convicções para poder fazer uma campanha que lhe permita chegar a poder”, refere o comentador da SIC.
Paulo Baldaia comenta ainda o resultado alcançado por José Luís Carneiro que, apesar de ter perdido a luta pela liderança socialista, considera ter conseguido marcar posição e tornar-se “o candidato mais forte candidato que o Partido Socialista passou a partir destas eleições para a Câmara Municipal do Porto”.
Os socialistas reúnem-se entre 5 e 7 de janeiro no Congresso Nacional do Partido. É o último formalismo para oficializar o novo secretário-geral e para a reorganização interna do PS, antes das legislativas de 10 de março.