A palavra do ano de 2023, iniciativa da Porto Editora, é “professor". Cristina Mota, do movimento Missão Escola Pública, acredita que é uma valorização da profissão dada pela sociedade e espera que o próximo Governo siga o exemplo.
"Nós acreditamos que o facto de ser a palavra do ano se reflete que a sociedade de facto já está a valorizar esta classe que tem vindo a ser desvalorizada há tanto tempo (…) “Esperamos que em breve, o próximo Governo siga o exemplo e consiga ver e validar esta classe que nós tanto estimamos”.
"Greves nesta fase não se justificam"
Hoje é dia de regresso às aulas depois da pausa das festas do do Natal e não há greves à vista, não há greves marcadas, pelo menos até às eleições que vão acontecer em março.
“Entendemos que as greves nesta fase não se justificam. Ainda assim, a nossa contestação vai continuar. Existem várias formas de luta”.
Cristina Mota concorda com Filinto Lima quanto à necessidade de um acordo antes das eleições entre os partidos e os sindicatos, “um acordo escrito e sem pontos de fuga, porque nós também verificamos que todas as promessas que têm sido indicadas tanto à esquerda como à direita, têm pontos de fuga”.
Os programas eleitorais devem ter “verdadeiras reformas educativas que são necessárias, a recuperação do tempo de serviço" e outras questões para a valorização da escola pública “e não termos mais um ano vincado pela falta de professores”.
Alunos sem professor
Continuam a existir muitos alunos sem professor atribuído. O movimento Missão Escola Pública salientou, a 15 de dezembro, que cerca de 3000 alunos não tiveram professor numa determinada disciplina desde o início do ano letivo, e estes alunos mantêm essa situação.
“Iniciamos hoje o segundo período, desde o dia 15 de dezembro não teve lugar qualquer colocação, mantêm-se os 32000 alunos sem professor a pelo menos uma disciplina”.
Valorizar a carreira e revisão de políticas educativas
O movimento Missão Escola Pública sublinha a necessidade de uma valorização e atratividade da carreira de professor, considerando que a recuperação do tempo de serviço “talvez venha evitar que alguns professores não saiam já para reformas: estão previstas 4624 reformas só para o ano de 2024”.
“Alertamos que não é só o tempo de serviço, existem outras questões, como o nosso modelo de gestão, que neste momento está em prática e que é completamente autocrático, também ele deve ser revisto e deve ser pensado pelo próximo Governo. Entre outras questões, a burocracia, as condições que nós temos das escolas, que também têm de ser revistas para nós conseguirmos ter os alunos com condições para terem melhores resultados do que aqueles que têm tido e para terem essencialmente professores".
Greves em 2024?
Sim, claro, se nós não verificarmos que existe a de facto intenção de valorizarmos a escola pública e que nós estamos apenas em campanha eleitoral, que as medidas não vão estar em prática, nós entendemos que sim.