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Aliança Democrática de Montenegro, o projeto para curar a "ressaca socialista"

No discurso deste domingo, depois de ter assinado o acordo de coligação da Aliança Democrática, Luís Montenegro apontou armas ao PS, declarou guerra à pobreza - deixando algumas promessas pelo caminho - e garantiu que a AD será Governo depois de 10 de março.

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Numa Aliança Democrática (AD) “que não é uma imitação da de 1979”, mas que se inspira no seu “espírito reformista, transformador e ambicioso”, o líder do PSD garantiu que a coligação com o CDS e o PPM é uma lufada de “esperança e confiança para o país”.

“Ao contrário do PS, nós não somos um movimento político ressabiado. Somos feitos a favor das pessoas, não contra ninguém e, sobretudo, olhamos ao interesse de cada pessoa. Como disse Sá Carneiro em 79, o projeto da AD não é para escolher um partido, mas para escolher um Governo”, afirmou.

PS: o Governo que caiu “por pura incompetência”

De armas apontadas ao PS, Luís Montenegro disse este domingo que Portugal está “de ressaca” das experiências socialistas, defendeu que a queda do Governo se deveu à “pura incompetência” dos seus membros e deixou uma espécie de convite aos eleitores socialistas.

“Este projeto é para os que acreditaram no PS há dois anos, para os que se desiludiram. Que bela oportunidade deram ao PS e o PS desperdiçou-a completamente. O Governo acabou por pura incompetência, não por culpa do Presidente nem de outras instituições.”

O líder do PSD criticou ainda o estado em que o PS deixou o Serviço Nacional de Saúde (SNS), “esvaziado e desorganizado”, afirmando-se “chocado” pelo assunto ter ficado de fora do congresso dos socialistas, que se realizou este fim de semana.

“Neste congresso, o novo e o antigo líder - os dois com responsabilidade - tudo fizeram para desviar a atenção, para ignorar e desprezar aquilo que hoje é, na realidade de muitos portugueses, a primeira preocupação. Como é possível este manto de silêncio?”, questionou.

Sobre as promessas eleitorais dos socialistas, Montenegro acrescentou: “Quem não conseguiu governar o SNS em oito anos, que moral tem para dizer agora que vai fazer tudo aquilo que não foi capaz de fazer quando teve todos os instrumentos na mão?”.

“Há muitas razões para mudar de Governo, mas a degradação do SNS, por si, já era suficiente para pôr o Governo socialista na rua.”

E por falar em promessas, garantiu que a grande prioridade do Governo da AD será a saúde. Mas não fica por aqui.

Os jovens, a geração do meio e os pensionistas

Luís Montenegro apresentou ainda a AD como um projeto que quer travar a emigração jovem, que quer dar voz à ‘geração do meio’ - “a que se preocupa com os filhos e ao mesmo tempo com os pais” - e dignidade aos mais velhos.

Voltou, por isso, a prometer um rendimento mínimo para todos os pensionistas, equivalente a 820 euros no final da legislatura.

“Com o Governo da AD, vamos valorizar as pensões e em particular as mais baixas”, disse.

A Aliança Democrática (AD) foi oficializada este domingo com a assinatura do acordo de coligação entre PSD, CDS e PPM, para as eleições legislativas. É a quarta vez que PSD e CDS vão juntos a votos em legislativas, reeditando as duas coligações pré-eleitorais de 1979 e 1980 com o PPM, e recuperando até o nome Aliança Democrática.