Durante cerca de meia hora, Pedro Nuno Santos apresentou um leque de propostas, com destaque para o salário mínimo, na "despedida" de António Costa do PS. Do outro lado, Luís Montenegro apresentava-se como o rosto principal da Aliança Democrática, que "não é uma imitação de 1979".
Dois discursos com efeitos distintos, segundo o jornalista Paulo Baldaia. Enquanto Pedro Nuno mostrou “um político com uma ideia de país”, Montenegro e a AD “desperdiçaram uma oportunidade”.
"Do ponto de vista pratico, sim [conseguiram desviar atenções"]. Mas, quando as coisas começaram a acontecer, desperdiçaram mais uma oportunidade. Há uma tentativa muito clara de Montenegro de descolar do passismo e tentar colar primeiro a Cavaco Silva e agora à AD de 1979 e 1980. (…) Não saiu daqui o que era interessante da AD, que era uma ideia de país".
Para o comentador SIC, a Aliança Democrática falhou em “mobilizar o eleitorado de centro-direita” e mostrou que “ainda há muito trabalho por fazer”.
“Parte do PS não quis fechar o ciclo”
O Congresso socialista passou uma ideia de “novo ciclo”, de uma mudança dentro do PS, mas a verdade é que António Costa é uma figura incontornável na história do partido e uma parte dos militantes procurou justificar a crise política e os processos judiciais em que está envolvido o primeiro-ministro.
“Diria, sobretudo, que [falar de justiça e crise política] não foram temas do interesse do novo líder do PS. São matérias que Pedro Nuno Santos não queria que fossem muito faladas”, afirma Paulo Baldaia, realçando que a ideia de Pedro Nuno era “fechar a discussão”.
Exemplo disso é que, enquanto muitos culpavam Marcelo Rebelo de Sousa pela atual crise política, o novo líder do PS - que na opinião de Paulo Baldaia teve “um discurso eficaz” - nunca mencionou o Presidente da República, nem comentou qualquer tema relacionado à justiça.
“Havia muita gente que esteve sempre com António Costa nestes 9 anos que quis apontar responsabilidades sobre a demissão do primeiro-ministro (…) e isto claramente serve aos interesses de Costa, mas não ajudou a afirmar politicamente o novo ciclo que Pedro Nuno santos foi dizendo que queria concretizar. Havia uma parte do PS que não queria fecha esse ciclo”, analisa o comentador SIC.