Os presidentes do Governo Regional da Madeira e da Câmara do Funchal são suspeitos de corrupção. Ambos estão a ser alvo de buscas numa mega operação da PJ que passa também pelo maior grupo de construção da Madeira. Bernardo Ferrão e José Gomes Ferreira, da SIC, analisam este caso, numa altura em que o país está em vésperas das eleições legislativas.
Pedro Calado e Avelino Farinha terão sido detidos, no âmbito desta investigação. A notícia foi avançada pelo jornal Observador, que diz que o presidente da Câmara do Funchal e o empresário serão levados à presença de um juiz de instrução criminal para que lhes sejam aplicadas as medidas de coação.
Sobre as implicações deste caso e até que ponto afeta o Governo Regional da Madeira, Bernardo Ferrão considera que “este caso fragiliza muito o Governo Regional da Madeira porque é presidido por Miguel Albuquerque, que está no centro destas investigações, e porque a notícia agora da detenção de Pedro Calado, torna a coisa ainda mais mais complicada e mais frágil para o Governo Regional”, começa por referir Bernardo Ferrão.
“Os vários deputados regionais com quem eu falei esta manhã diziam que há muito tempo se falava em surdina sobre estes casos e sobre estas investigações e, portanto, era esperado por parte desses deputados e por parte de alguma sociedade madeirense, que alguma coisa acontecesse e ela acontece hoje.”
Bernardo Ferrão lembra ainda que esta situação “tem impacto também no dia em que o PSD vai apresentar um cenário macroeconómico, algo que é importante para a estratégia nacional do partido, com todas as contas que justificam alguns dos anúncios e algumas das propostas que também apresentou nos últimos dias”.
“A atuação da Polícia Judiciária, a atuação do Ministério Público nestes dias em vésperas de eleições, mais uma vez, exige que haja prova cabal exige que a situação esteja bem justificada”, realça.
Por seu lado, José Gomes Ferreira explica o que se sabe até agora sobre os crimes que estão a ser investigados e destaca o que considera inquestionável.
“Se não houvesse matéria de facto, se não houvesse indícios, de certeza que estes procuradores, que estes agentes da Judiciária e quem os está a coadjuvar nesta iniciativa de fazer buscas e detenções, não estariam no terreno e, portanto, a leitura que faço é aquela que é sobre uma realidade, infelizmente, presente no nosso país, que é a existência de fortes indícios de corrupção em grandes obras públicas e em grandes investimentos e negócios que às vezes até nem são de grande monta, mas que indiciam que aquilo é um comportamento de favorecimento”.