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Entrevista SIC Notícias

Polícias em protesto: "Ninguém pode ficar indiferente" depois da manifestação em Lisboa

Em entrevista na SIC Notícias, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia disse que "face à mobilização de ontem" está já marcada "uma nova iniciativa no dia 31 de janeiro, na cidade do Porto".

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Dezenas de elementos da PSP e da GNR continuam acampados junto à Assembleia da República depois da manifestação que ontem juntou milhares de profissionais, em Lisboa. O protesto teve início ao final da tarde no Largo do Carmo e terminou junto ao Parlamento. Para presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, “nenhum partido político, nenhum responsável político pode ficar indiferente àquilo que se passou ontem”. Paulo Santos saúda “a mobilização bastante relevante do ponto de vista até daquilo que tem sido feito no passado”.

"Tivemos um número consideravelmente elevado de profissionais da PSP, da GNR, também da guarda prisional e muita demonstração de solidariedade. Acho que nenhum partido político, nenhum responsável político pode ficar indiferente àquilo que se passou ontem".

“Isto traduz exatamente aquilo que andamos a dizer nos últimos 2, 3 anos aos governos relativamente às condições de trabalho nas forças de segurança e principalmente, aquilo que é o estado de desmotivação, de indignação que os profissionais, quer da PSP, quer da GNR, evidenciavam a cada dia que passa”, sublinha Paulo Santos.

Para o responsável sindical, realça que esta é “a machadada final que decorreu de uma decisão política de atribuir um suplemento de missão à Polícia Judiciária (PJ) e, na nossa perspetiva, bem, e queria frisar este ponto, porque há agora várias tentativas por parte de alguns setores de colocar aqui esta discussão em torno de uma picardia entre profissionais da PSP e da GNR, contra profissionais da PJ e não é isso que se passa".

Paulo Santos explica que o mote do protesto não é criticar a atribuição deste suplemento à PJ, mas sim criticar a decisão política de manter de fora os profissionais da PSP e da GNR que “diariamente estão na primeira linha de intervenção e que são também prejudicados nas penalidades, nas insalubridades e no risco da sua missão”.

Partidos recebem sindicatos

Amanhã, os sindicatos são recebidos pelos partidos políticos. O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia enumera as expetativas para estes encontros.

“Esta mensagem que estamos a transmitir e a traduzir coloca também nos partidos políticos que se apresentam às eleições do dia 10 de março, uma necessidade de dizerem ao que vêm, não só neste ponto concreto do suplemento de missão e no respeito por aquilo que é a edificação da nossa carreira, mas também aquilo que é a perspetiva de cada partido político sobre a segurança interna, sobre aquilo que é a realidade da PSP, da GNR, da guarda prisional no seio daquilo que são as forças de segurança”.

“Luta pode tomar proporções indesejáveis”

Paulo Santos dá conta da nova iniciativa marcada para 31 de janeiro, no Porto, e deixa um alerta: “Alguém com responsabilidade e com bom senso possa perceber aquilo que está em causa e, nós queremos acreditar que esta solução tem que surgir o mais rápido possível, porque se não estão aqui empurrar os polícias a uma continuidade numa luta que pode depois tomar proporções que nós próprios, responsáveis sindicais, não queremos”.