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Quase uma semana depois, três detidos na Madeira ainda não foram ouvidos

Devido ao atraso judicial, com a greve dos funcionários, os interrogatórios ainda nem começaram e nenhum dos arguidos, detidos há seis dias, foi ouvido.

Campus de Justiça, em Lisboa
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Os três arguidos da investigação da Madeira ainda não foram ouvidos em interrogatório, após seis dias detidos, devido à greve dos funcionários judiciais.

Segundo o jornalista da SIC João Maldonado, as diligências iriam começar às 14:30 desta terça-feira mas não houve qualquer confirmação do que está ocorrer no Campus da Justiça. Os advogados dos três detidos revelaram que os interrogatórios estavam em condições de avançar mas o juiz deste caso estará a ler os factos aos arguidos, o que poderá estar a atrasar o desenvolvimento no processo.

De acordo com Paulo Sá e Cunha, advogado de Pedro Calado, o agora ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, os interrogatórios não tiveram lugar durante a manhã devido a "motivos processuais", escusando-se a revelar mais pormenores tendo em conta que, conforme explicou, o processo está "ainda em segredo externo", pelo que não pode divulgar publicamente o que está na diligência.

Sá e Cunha revelou ainda que “dificilmente o Pedro Calado irá ser ouvido ainda na tarde desta terça-feira”, alegando a greve dos funcionários judiciais como a razão principal.

“Se mantivermos o horário das 17:30 para encerrar, não creio que seja possível ser ouvido”, afirmou o advogado na manhã desta terça-feira à chegada ao Campus da Justiça.

Iniciada no início de janeiro, a greve funcionários judiciais decorre todos os dias nos períodos compreendidos entre as 12:30 e as 13:30 e entre as 17:00 e as 09:00 do dia seguinte.

A Crise Política na Madeira

Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia foram detidos na passada quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente.

A operação também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e oficializou na segunda-feira a renúncia ao cargo, que tinha anunciado na sexta-feira.

Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.

De acordo com documentos judiciais a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público refere que o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal Pedro Calado (PSD) e o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, estabeleceram, "ao longo do tempo, uma relação de particular proximidade e confiança" que terá beneficiado aquele grupo empresarial "ao arrepio das regras da livre concorrência e da contratação pública".

Entre os contratos alvo de investigação criminal, de acordo com os documentos judiciais estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral das Freiras, o projeto da Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.