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Insubordinação gravíssima? Polícias acusam Governo de afirmação "pouco refletida"

Em comunicado, as forças de segurança lamentam que, após várias manifestações, o Governo se tenha mantido em silêncio, tendo-se pronunciado apenas "quando não se realizou um jogo de futebol por motivos de saúde".

Insubordinação gravíssima? Polícias acusam Governo de afirmação "pouco refletida"
Horacio Villalobos

Numa crítica ao Governo, sindicatos e associações das forças de segurança lamentaram o silêncio do Governo às suas reivindicações até um jogo de futebol ter sido adiado. Em resposta à Liga Portugal, afirmam ainda que as situações de ausência “estão ou serão devidamente atestadas por profissionais de saúde”.

Em comunicado, a Plataforma dos Sindicatos da PSP e Associações da GNR lamentou que, após várias manifestações de polícias “de um elevadíssimo padrão ético”, o Governo se tenha mantido em silêncio, tendo-se pronunciado apenas "quando não se realizou um jogo de futebol por motivos de saúde".

Consideram que acusar os polícias de “insubordinação gravíssima” é uma afirmação “pouco refletida”.

“Após manifestações com milhares de polícias e vigílias diárias em vários pontos do país, dentro de um elevadíssimo padrão ético, o silêncio imperou, mas, quando não se realizou um jogo de futebol por motivos de saúde, o Governo pronunciou-se. Acusar os polícias de ‘insubordinação gravíssima’ parece-nos uma afirmação pouco refletida ao abrigo da Lei, envolvendo também o rigor médico”, lê-se na nota.

Sobre as declarações da Liga Portugal, que exigiu a abertura de um inquérito ao caso, as forças de segurança recordam que as situações de ausência "estão ou serão devidamente atestadas por profissionais de saúde", razão pela qual consideram que o organismo de futebol não se deve pronunciar.

"À Liga Portuguesa exige-se um comportamento prudente, que respeite o quadro legal, evitando discursos inflamados, capazes de colocar em causa os profissionais de Saúde e os próprios Polícias. Deve a Liga Portuguesa estar ciente que o Futebol não está acima da legalidade ou de outros constrangimentos. A Liga e outras entidades com responsabilidade devem abster-se de fazer comentários que demonstram um total desconhecimento sobre a dimensão do problema", acrescentam.

No mesmo comunicado estranham que o primeiro-ministro diga não ter recebido um ofício que garantem ter endereçado ao seu gabinete na sexta-feira, onde alertavam estar “no limite”, e anexam um print screen que alegadamente mostra o e-mail enviado.

MAI abre inquérito a baixas de última hora

Entretanto, o Ministério da Administração Interna pediu à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito às baixas médicas apresentadas pelos polícias e que resultaram no adiamento do jogo Famalicão-Sporting por falta de agentes.

Na sequência deste episódio, o ministro vai reunir-se no domingo, às 09:00, com o comandante-geral da GNR e com o comandante nacional da PSP no Ministério.

“O Ministro da Administração Interna determinou a abertura de um inquérito urgente, por parte da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), aos acontecimentos que respeitam ao policiamento, pela PSP, do jogo Famalicão – Sporting, da Primeira Liga de futebol, em especial dos que se reportam a generalizadas e súbitas baixas médicas apresentadas por polícias”, lê-se no comunicado divulgado esta noite.

Para além da abertura deste inquérito, será aberto um outro relativo a declarações do presidente do Sindicato Nacional da Polícia, em entrevista à SIC Notícias, sobre a atividade da PSP nas eleições legislativas.

Este sábado, o Famalicão-Sporting foi adiado sem data devido à falta de polícias depois de alguns dos agentes destacados para o interior do estádio terem, como forma de protesto, colocado baixa médica.