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Defesa de Pedro Calado: "Só fica desiludido quem se deixa iludir"

Para Paulo Sá e Cunha, advogado do arguido Pedro Calado, o facto de o requerimento de libertação dos três arguidos não ter sido aceite pelo Tribunal Central de Instrução Criminal não foi uma surpresa.

Paulo Sá Cunha, advogado de Pedro Calado, ao centro, acompanhado por André de Noronha, advogado de Custódio Correia, à direita.
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Paulo Sá e Cunha, advogado do ex-presidente da Câmara do Funchal, não se mostrou surpreendido com a decisão do tribunal, que rejeitou o pedido que as defesas tinham feito “em bloco”, para que fossem libertados os três arguidos desta investigação. O advogado de Pedro Calado falou esta quinta-feira aos jornalistas, à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

“Não reajo, A decisão do juiz é a decisão que o senhor juiz entende por bem tomar. Não concordamos com ela”, reiterou Paulo Sá e Cunha sobre a decisão do TCIC.

O advogado de um dos três arguidos desta investigação, feita pela Polícia Judiciária (PJ) a 24 de janeiro e que envolveu cerca de 130 buscas na Madeira, Açores e continente, acrescentou que esta quinta-feira esteve “essencialmente ocupado com o interrogatório” de Pedro Calado.

“Hoje, tive essencialmente ocupado com o interrogatório do meu constituinte. De qualquer modo, aderi a uma iniciativa conjunta, mas quem melhor dela poderá falar são os meus colegas que não tiveram a ocupação que eu tive hoje”, acrescentou.

Para Paulo Sá e Cunha, o facto de o requerimento de libertação dos arguidos não ter sido aceite não foi uma surpresa.

“Como dizia o meu colega, só fica desiludido quem se deixa iludir. Eu também não me deixo iludir”, disse.

Acrescentou ainda que considera que a decisão final deste processo será "histórica".

“Esta decisão vai ser uma decisão histórica. E eu, enfim, quanto a isso, tenho muito orgulho em mais um processo, participar ao poder participar e dar o meu contributo modesto”, concluiu.

Por fim, questionado se o requerimento apresentado conjuntamente pelas três defesas poderá ter atrasado a apresentação das medidas de coação, a defesa de Pedro Calado esclareceu que não acredita nessa tese.

"Os advogados defendem os direitos fundamentais e a liberdade das pessoas e devem defender intransigentemente estes valores. Portanto, quando entendemos que estes valores estão a ser postos em causa, fazemos o que achamos que devemos fazer", afirmou.

A investigação de Pedro Calado

Pedro Calado foi o terceiro suspeito a ser ouvido no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira, depois dos empresários Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, e Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA.

O interrogatório ao ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal Pedro Calado, no âmbito do processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira, teve início esta terça-feira, às 10:30, segundo fonte judicial.

À chegada ao TCIC, no Campus de Justiça, em Lisboa, Paulo Sá e Cunha disse que o interrogatório ao seu cliente iria "finalmente" começar, depois de 14 dias de detenção, prevendo que acabe ainda durante o dia de hoje ou na quarta-feira de manhã.

Buscas foram realizadas a 24 de janeiro

A PJ realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Na sequência das buscas, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado (PSD), que renunciou ao mandato, Avelino Farinha e Custódio Correia.

A operação também atingiu o ex-presidente do Governo Regional da Madeira Miguel Albuquerque (PSD), que foi constituído arguido e renunciou ao cargo, o que foi formalmente aceite pelo representante da República na segunda-feira e publicado em Diário da República no mesmo dia.