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Carnaval de Torres Vedras celebra centenário com orçamento recorde

Um dos carnavais mais famosos do país este ano tem o maior orçamento de sempre e para os mais de meio milhão de visitantes esperados "brincarem à grande e à torriense" em condições de segurança, foram introduzidas alterações face às últimas edições.
Carnaval de Torres Vedras celebra centenário com orçamento recorde
CARLOS BARROSO

Os festejos do Carnaval em Torres Vedras começaram esta sexta-feira e duram seis dias. A organização espera mais de meio milhão de visitantes mascarados este ano em que se comemora o centenário do Carnaval de Torres Vedras, com o maior orçamento de sempre devido à inflação.

Aludindo ao tema deste ano, 'Carnaval do Futuro', os criativos colocaram os 'robots' e seres extraterrestres entre os protagonistas, assim como a tradicional figura do Zé Povinho a ser controlado pela inteligência artificial.

As Jornadas Mundiais da Juventude também são evocadas, com o Papa entre os protagonistas.

No monumento erguido no centro da cidade há um mês, são caricaturados o Presidente da República, o primeiro-ministro, os líderes partidários Pedro Nuno Santos (PS) e André Ventura (Chega) e os presidentes russo e coreano.

"Se formos atrás de todos os temas por que Portugal tem passado não havia espaço nos carros alegóricos do Carnaval de Torres Vedras para satirizarmos", conta à agência Lusa, em tom de brincadeira, um dos criativos, Hélder Silva.

O orçamento passou de 930 mil euros, em 2023, para 1,1 milhões de euros, este ano

"Fruto da inflação e do aumento dos preços, o orçamento teve de crescer, mas uma boa parte da fatia deste orçamento é destinada a segurança e socorro", afirma à agência Lusa Rui Penetra, administrador da empresa municipal Promotorres, que organiza o evento.

Para os mais de meio milhão de visitantes esperados "brincarem à grande e à torriense" em condições de segurança, foram introduzidas alterações face às últimas edições: além do policiamento ter sido reforçado, foram alargados também os perímetro dos festejos para evitar a concentração excessiva de pessoas e o aumentadas as câmaras de videovigilância.

"A Praça Machado Santos, conhecida como Praça da Batata, já estava muito condensada e os foliões já se divertiam de forma muito apertada, então foi entendimento não colocar o palco de animação nessa praça, que continua acessível, e alargámos o recinto noturno para a Praça Alberto Avelino, que passa este ano a ter as quatro noites de animação", explica o responsável.

Estão mobilizados 1.500 profissionais de segurança e socorro para trabalhar durante o evento

Para garantir o socorro, foram alargados ainda os horários dos postos de socorros e voltou a funcionar um posto médico avançado no Parque Regional de Exposições da cidade, com médicos, enfermeiros, auxiliares de saúde, 40 camas de internamento, suporte avançado de vida e meios para pequena cirurgia para responder à maioria das ocorrências habituais.

O Carnaval era para ter arrancado na sexta-feira com o corso escolar, com nove mil mascarados, de manhã, no entanto o corso foi cancelado devido à passagem da depressão Karlota. Tendo arrancado, já à noite com a chegada e entronização dos Reis ao pavilhão Multiusos, na Expotorres, às 22h30.

Entre este sábado e terça-feira, está previsto realizar-se os tradicionais corsos diurnos e noturnos, em que desfilam os seis carros alegóricos e milhares de foliões mascarados espontâneos, muitos dos quais disfarçados de matrafonas (homens mascarados de mulheres), como é típico no concelho de Torres Vedras, no distrito de Lisboa.

O evento está de volta a diversos palcos de animação noturna ao ar livre, com djs e os artistas Romana (este sábado) e Augusto Canário (segunda-feira), até às 04:00, continuando a animação até de manhã nos bares e discotecas da cidade.

São estimadas receitas de 12 milhões de euros na economia local.

Em 2023, o Carnaval de Torres Vedras foi inscrito no Património Cultural Imaterial Nacional, por ser considerado 'o mais português de Portugal' e se manter fiel às tradições do Entrudo português.