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Madeira: com arguidos em liberdade, defesa fala em "Justiça a funcionar"

A defesa de Custódio Coreia diz que libertação é sinal da “Justiça a funcionar”, enquanto que o advogado de Pedro Calado lamenta que os arguidos tenham estado detidos “tanto tempo”.

André Navarro, advogado de Custódio Correia, no Campus da Justiça
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Esta quarta-feira o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) decidiu que ficam em liberdade os três arguidos da investigação na Madeira, por não haver “fortes indícios de corrupção”.

O ex-autarca do Funchal Pedro Calado e os dois empresários detidos há três semanas no âmbito da investigação a suspeitas de corrupção na Madeira ficam esta quarta-feira em liberdade, sob termo de identidade e residência, determinou o juiz de instrução.

O magistrado do TCIC decidiu ainda aplicar termo de identidade e residência ao ex-presidente do município do Funchal Pedro Calado (PSD), bem como aos dois empresários Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia.

À saída do TCIC, no Campus da Justiça em Lisboa, o advogado de Custódio Coreia disse à comunicação social que “a Justiça funcionou”.

"O sistema não tinha funcionado na detenção, não funcionou na promoção e acho que funcionou e bem na decisão. Estou contente com isso […] isto é o sistema a funcionar no melhor momento em que devia funcionar", afirma André Navarro de Noronha.

Também o advogado de Avelino Farinha afirma que “isto também é justiça, bons juízes não são os que condenam sempre”.

Raul Soares da Veiga, advogado de Avelino Farinha, desvaloriza o facto dos arguidos terem estado três semanas detidos.

“Eram muito factos imputados apo longo de muitos anos, com muita prova. isto se tivesse sido rapidíssimo teria sido maus também para a defesa”, disse.

Ainda assim, a defesa de Avelino Farinha lembrou que “isto não é uma decisão final do processo, o processo continua”.

“O juiz chegou à conclusão que face o que lhe foi apresentado - a indiciação do MP, das provas que foram trazidas, os interrogatórios dos arguidos e em face do que as defesas disseram em sentido contrário - chegou à conclusão de que não há indícios da prática de nenhum dos crimes imputados”, acrescentou.

O terceiro e último advogado a deixar o TCIC foi Paulo Sá e Cunha, advogado de Pedro Calado.

“Entendíamos que esta situação assentava numa total ausência de indícios. O senhor juiz de instrução, numa decisão que me parece muitíssimo correta, decidiu isto mesmo. Esta decisão é uma decisão que é recorrível, é normal que o Ministério Público recorra”, afirmou.

A defesa de Pedro Calado acrescentou ainda que “a única coisa” que lamenta “é que estes três cidadãos estivessem detidos tanto tempo”.

Início do caso: 24 de janeiro

A Polícia Judiciária (PJ) realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

A PJ deteve nesse dia o então presidente da Câmara do Funchal, que entretanto renunciou ao cargo, e os dois empresários.

O presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo.