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Buscas na Madeira? "Caso não está encerrado, nem arquivado", lembra diretor da PJ

Depois de conhecidas as medidas de coação aplicadas aos três arguidos detidos, no âmbito da megaoperação desencadeada pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária na Madeira, o diretor da PJ assume preocupação mas sublinha “a investigação continua”.

O diretor-nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves
O diretor-nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves
Manuel Almeida
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No espaço de poucos meses, o país mergulhou numa crise política em Portugal continental e no arquipélago da Madeira. Primeiro, a operação Influencer deitou abaixo o Governo de António Costa, depois, mais recentemente, as buscas na Madeira abriram um impasse na ilha.

As investigações continuam mas têm, para já, algo em comum: o juiz de instrução não corroborou a tese do Ministério Público e decidiu libertar os arguidos detidos. Esta quarta-feira, e depois de 21 dias detidos, os arguidos Pedro Calado, Custódio Correia, e Avelino Farinha saíram em liberdade apenas com termo de identidade e residência, o que representou na opinião de muitos mais uma pesada derrota para o MP.

Se na primeira operação, a Influencer, a PJ não esteve em ação, o mesmo não aconteceu na megaoperação - que envolveu meios da Força Aérea - na Madeira. E hoje, o diretor da Judiciária quebrou o silêncio, manifestando preocupação.

“[O caso] não está nem encerrado, nem arquivado. Tenho total confiança e segurança no trabalho que estamos a fazer", afirmou Luís Neves, em declarações aos jornalistas, sublinhando que “a investigação continua”.

Ainda assim reconheceu que estão “preocupados” não só pela “operação” e o que está em causa, como também pelo que era “expectável”. Porém, questionado sobre se agiria de modo diferente se fosse hoje, não hesitou na resposta: “Rigorosamente nada, os objetivos foram alcançados”.

Todos em… Liberdade

O ex-autarca do Funchal Pedro Calado e os dois empresários detidos durante três semanas no âmbito da investigação a suspeitas de corrupção na Madeira ficaram ontem em liberdade, sob termo de identidade e residência, determinou o juiz de instrução.

Segundo o despacho do juiz Jorge Bernardes de Melo, do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, foi aplicada a medida cautelar menos gravosa ao ex-presidente do município Pedro Calado (PSD), bem como aos empresários Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia.

"Não se encontrando indiciada a prática, pelo arguido Custódio Ferreira Correia, pelo arguido José Avelino Aguiar Farinha e/ou pelo arguido Pedro Miguel Amaro de Bettencourt Calado de um qualquer crime, deverão os mesmos aguardar os ulteriores termos do processo sujeitos à medida de coação de termo de identidade e residência", refere o documento.

O MP tinha pedido a medida de coação mais gravosa, a prisão preventiva, tendo entretanto anunciado recurso da decisão do juiz de instrução.

A PJ realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

A investigação atingiu também o então presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo madeirense.