Logo no início do debate com Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos lançara para a discussão política uma novidade: o Partido Socialista viabiliza um Governo minoritário da Aliança Democrática se perder as eleições. No entanto, esta quarta-feira, o antigo ministro mudou o tom, dizendo que "não podemos exigir ao PS o que o PSD não está disponível para garantir".
Ângela Silva, jornalista do Expresso, diz que Pedro Nuno “está claramente a dançar na praça”, mas “convém ter alguma calma”.
“É a quarta posição que ouvimos do líder do PS relativamente aos cenários pós-eleições (…) Os candidatos a primeiro-ministro devem ter posições de princípios. Pedro Nuno Santos tem de explicar com clareza qual é a sua posição. Não pode mudar de posição dia sim, dia não”.
Ângela Silva acredita que Luís Montenegro será pressionado e poderá não resistir até o dia das eleições legislativas, 10 de março, sem tomar uma posição em relação ao tema. Mas há quem discorde.
Montenegro “já não vai ter dizer muito mais”
Bernardo Ferrão, diretor-adjunto da SIC, afirma que esta “nova revienga” favorece o líder do PSD e cabeça da Aliança Democrática.
“Acho que [Montenegro] não vai ter de dizer muito mais. A partir do momento em que Pedro Nuno Santos faz esta nova revienga, Montenegro pode cavalgar na falta de preparação de Pedro Nuno Santos para ser primeiro-ministro”.
O jornalista da SIC acredita que a posição adotada pelo líder socialista durante o debate com Montenegro, no Capitólio, foi “uma forma de pôr a comunicação social todos os dias a questionar Luís Montenegro”, de modo a que essa pergunta [se o PSD deixa passar um governo minoritário do PS] tomasse completamente conta da campanha".
Mas, com as declarações de Pedro Nuno neste sábado, “o ónus volta para o lado do PS e não volta da melhor forma”, considera Bernardo Ferrão.
“Este caos de opções é a pior opção”
Sebastião Bugalho, comentador da SIC, diz que o novo discurso do líder do PS foi “um erro político” e que, entre duas opções complicadas, conseguiu tomar uma terceira - a “pior de todas”.
“Qualquer posição tem consequências negativas. Não há uma solução perfeita para o dilema da governabilidade. No caso do PS, não dá para ser ágil e responsável ao mesmo tempo. E se ambas têm consequências, o que importa é ter uma opção, assumi-la, decidir. Só que a partir do momento em que, num espaço de 16 dias, opta por este caos de opções… é a pior opção de todas”.