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Polícias em protesto junto ao Capitólio? "É extemporâneo que se comece uma caça às bruxas"

O presidente do Observatório de Segurança Interna (OSI) defende que ser "completamente extemporâneo que se comece uma caça às bruxas" aos militares em protesto, na medida em que “há dignidade” nos protestos destas forças policiais.

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Na edição da tarde da SIC Notícias, o presidente do Observatório de Segurança Interna (OSI) analisou os protestos dos polícias junto ao Capitólio, no momento do debate entre os líderes dos dois maiores partidos políticos. Para Hugo Costeira era “demasiadamente óbvio” e “expectável” a desmobilização das forças de segurança para este local.

“Acho que era demasiadamente óbvio que o debate a ser feito naquele local e àquela hora, tão próximo de uma manifestação autorizada, a um grupo de elementos da nossa sociedade que estão frustrados e desesperados com ausências de respostas, era expectável que eles quisessem demonstram a sua tristeza às duas pessoas que de um deles sairá uma nomeação para primeiro-ministro”, afirma Hugo Costeiro.

O presidente do OSI defende que ser "completamente extemporâneo que se comece uma caça às bruxas" aos militares em protesto.

“Não sei até que ponto é que foi um protesto, ou se foi uma concentração espontânea de polícia”, acrescentou.

Acrescenta que “há uma dignidade” nos protestos destas forças policiais: “Fazem-no de forma digna, com respeito. Cantam o hino nacional, não os vemos a ter atitudes agressivas para com os transeuntes”.

Para Hugo Costeiro estes protestos têm estado a ser mais visíveis “por um conjunto de questões que escapou a toda a gente, inclusive à perceção política do próprio ministro da Administração Interna”.

IGAI pede à PSP e GNR para apurar o que se passou

A inspetora-geral da Administração Interna, Anabela Cabral Ferreira, disse esta quarta-feira à Lusa que há "um processo aberto" na IGAI de pedido de informações junto da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana sobre o desfile e a concentração de elementos daquelas forças de segurança na segunda-feira junto ao cineteatro Capitólio.

"A IGAI pediu à GNR e PSP que se articulem para apurar o que aconteceu", afirmou a juíza desembargadora, avançando que é preciso saber se o protesto não autorizado foi organizado ou decorreu de forma espontânea.

Anabela Cabral Ferreira sublinhou que vai continuar a decorrer na PSP o processo de inquérito aberto pela inspeção desta polícia.

A inspetora-geral da Administração Interna esclareceu ainda que as competências da IGAI são "mais restritas" e complementam-se com a inspeção da PSP e GNR, atuando quando há "violação dos direitos humanos".

Na terça-feira, a PSP anunciou que o diretor nacional determinou a abertura de processo de inquérito à Inspeção da PSP, tendo em conta o eventual envolvimento de polícias da PSP no protesto de forma a apurar eventual responsabilidade disciplinar, além de comunicar ao Ministério Público a realização do desfile e concentração não autorizada, obrigando ao corte inopinado de várias artérias da cidade" de Lisboa.