O Bloco de Esquerda (BE) pediu este sábado à esquerda "perseverança e unidade", apesar de deixar algumas críticas ao secretário-geral do PS, reconhecendo que falhou o seu "objetivo maior" de uma maioria à esquerda nas legislativas de 10 de março.
As posições bloquistas constam da resolução aprovada este sábado pela Mesa Nacional do partido, órgão máximo entre convenções, cujas conclusões foram apresentadas pela coordenadora, Mariana Mortágua, em conferência de imprensa, em Lisboa.
No texto, lê-se que "a resposta da esquerda", perante o cenário eleitoral do passado domingo, tem de ser de "perseverança, unidade, luta e alternativa".
Aos jornalistas, Mariana Mortágua defendeu que, "neste cenário de viragem à direita, o compromisso do BE é de uma oposição determinada, corajosa, incansável à governação da direita".
"Uma força dialogante que procura e quer continuar a procurar convergências com os partidos da esquerda e ecologistas", salientou, lembrando que o partido pediu reuniões com PS, PCP, Livre e PAN, que irão realizar-se "nos próximos dias".
"Estamos a agendar, e queremos que sejam reuniões para um diálogo aberto sobre as eleições e para possíveis convergências no campo da oposição, e também para uma grande mobilização para que possamos ter um 25 de Abril e uma manifestação histórica, com todo o povo a mostrar a sua preocupação e rejeição face à extrema-direita", salientou.
Contudo, a coordenadora do BE não deixou de criticar a gestão da maioria absoluta do PS, que responsabilizou pela "viragem à direita" do país, e também o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos.
"Durante a campanha, o PS não se quis distanciar da maioria absoluta e da sua governação. Pedro Nuno Santos foi incapaz de se distanciar. Pelo contrário, escolheu afirmar esse legado e essa decisão do PS contribuiu para retirar credibilidade a qualquer projeto alternativo que pudesse existir a uma governação de direita", defendeu.
Mariana Mortágua reconheceu que o Bloco, que manteve a representação parlamentar de cinco deputados após as legislativas do passado dia 10, "não cumpriu o objetivo maior de afirmar uma alternativa com a esquerda em Portugal".
Sobre a moção de rejeição do Programa de Governo da Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM) já anunciada pelo PCP, a dirigente insistiu que "por uma questão de prudência", o BE não anuncia posições sobre textos que não conhece.
Na resolução aprovada este sábado pela Mesa Nacional, é referido que "nas semanas da campanha eleitoral e na semana seguinte às eleições foram recebidos pedidos de adesão ao Bloco a um ritmo sem precedentes na história do partido, mais de 1 500 em menos de um mês".