Luís Montenegro anunciou, na passada quinta-feira, uma descida de impostos de 1.500 milhões de euros no IRS ainda este ano, mas afinal trata-se apenas de um acrescento de 200 milhões de euros aos 1.300 milhões já em vigor. Na opinião do comentador SIC Luís Delgado, Luís Montenegro “não mentiu ou não quis enganar, mas não foi transparente”.
Desde o início da polémica da descida do IRS já se ouviu falar de má fé, de embuste e de amadorismo. Em análise na SIC Notícias, Luís Delgado reconhece que o primeiro-ministro não foi transparente.
“É evidente que o primeiro-ministro não mentiu ou não quis enganar, mas não foi transparente, não foi conciso, não esclareceu o que é que estava em causa. Pior do que isso, o Ministro das Finanças deveria ter dito, respondendo a perguntas da Iniciativa Liberal, devia ter esclarecido que era um acrescento àquilo que era já previsão orçamental."
O comentador da SIC acrescenta que esta situação causa desconfiança, descredibiliza o Governo, desagrada as pessoas e “causa irritação aos partidos da oposição”.
Luís Delgado diz que, apesar da responsabilidade ser do novo Governo, os partidos também têm uma certa responsabilidade porque “tinham que esclarecer naquele debate" o que realmente ia acontecer no IRS, "a pergunta tinha que ser feita”.
“Explique uma coisa senhor primeiro-Ministro, ou senhor Ministro das Finanças”, “esses 150 milhões são novos, vão acrescentar, e por isso era necessário um orçamento retificativo ou é apenas um acrescento de 130 milhões para 150 milhões, ou seja, os tais 200 milhões?”
O comentador explica também que, quando se fala em assuntos como taxas de impostos, “não ser claro para com as pessoas, para com os portugueses, paga-se muito caro”.
Afirma ainda que espera que, na viagem a Madrid, o primeiro-ministro possa esclarecer e possa lamentar o que aconteceu e “eventualmente até pedir desculpas”.
Análise à entrevista de Passos Coelho
Luís Delgado analisa ainda a entrevista no 'podcast' "Eu estive lá", da rádio Observador, onde Passos Coelho fala de um afastamento de Luís Montenegro e critica Paulo Portas e Cavaco Silva, e diz que “é olhar um pouco para aquilo que aconteceu entre 2011 e 2015 e contar algumas coisas internas”.
“Não vejo nenhum problema em dizer que a troika desconfiava de Paulo Portas, é evidente que desconfiava”. “Sobre Cavaco Silva, Cavaco Silva sempre teve uma distância de Passos” e “sobre Luís Montenegro é conhecido e é sabido que, de facto, Luís Montenegro tentou e por isso chegou depois a líder do PSD e tentou de alguma forma afastar-se de Passos Coelho o mais depressa que foi possível”.
Para concluir, o comentador da SIC diz que o que retira desta entrevista é que Passos Coelho “está a a tentar procurar o seu espaço político” mas ainda não sabe onde o vai encontrar.
“Eu acho que ele está numa procura, numa busca, de qual é o seu futuro. Quer voltar à política, é visível que quer, mas não sabe, acho eu, ainda em que papel específico.”, finaliza