O até agora comentador Sebastião Bugalho, de 28 anos, vai ser o cabeça de lista da AD para as eleições europeias. Luís Montenegro diz que foi a primeira escolha. O anúncio surpreendeu dentro e fora do partido e na própria coligação. Uma escolha que "para bem e para mal original", considera João Maria Jonet.
Sobre as vantagens e desvantagens nesta escolha da AD, o comentador da SIC refere: “É conhecido", "a vantagem referida por Hugo Soares, gostei particularmente, que é a de que domina vários dossiers, vários mas não sabemos quais, porque estando aqui nesta posição normalmente nós somos mais analíticos do que opinativos e apesar do Sebastião Bugalho ter uma presença de média há 8 ou 9 anos, é muito raro ou difícil encontrá-lo a tomar posições sobre a esmagadora maioria dos assuntos sem ser comentários de sociedade e de tricas sobre o que é que os políticos fazem a falar sobre os políticos, os hábitos dos políticos, a ética dos políticos, a moralidade dos políticos. Há muito pouco de substantivo sobre o país e sobre a Europa".
Em 2019, Sebastião Bugalho fez parte das listas do CDS para as eleições legislativas, pelo círculo de Lisboa, enquanto independente. Na altura, não foi eleito. Em 2021, foi convidado a substituir a deputada Ana Rita Bessa na Assembleia da República, mas não aceitou o lugar.
João Maria Jonet sublinha a falta de experiência política do número um da lista da AD: “Não basta ser jovem, Santana Lopes, por exemplo, quando foi cabeça de lista do PSD, em 1987, tinha 30 anos, basicamente esta idade, mas já tinha sido assessor de Mota Pinto, assessor de Sá Carneiro, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros de Aníbal Cavaco Silva durante 2 anos, deputado durante 4 legislaturas. É completamente diferente sendo jovem ter um percurso político e partidário e não ter”.
Sobre a possível estratégia que possa estar a ser seguida pela AD, o comentador da SIC destaca o facto de as eleições europeias serem “para pessoas muito ligadas à política, muito atentas à política”.
“Uma pessoa que esteja sempre no nos canais de informação de televisão, em princípio tem uma notoriedade grande com esse eleitorado que é o eleitorado mais atento. Portanto, nesse sentido, é uma escolha inteligente, a questão é, como é que lida em combate político com atores políticos, com pessoas como Marta Temido que foi ministra, João Cotrim Teixeira que foi líder de um partido e deputado durante várias candidaturas”, destaca.
Na opinião do comentador da SIC, a escolha de Sebastião Bugalho mostra que o CDS tem muito peso na AD e pode ser uma forma de lidar com o crescimento do Chega.
“Nos últimos tempos tem vindo a afastar-se muito claramente e o seu posicionamento político, pelo menos analítico, tem sido de maior crítica ao Chega (…) Mas obviamente há oportunidades com ter um candidato novo. Até no eleitorado mais velho, muitas vezes a ideia de este jovem simpático aparece na televisão, não parece particularmente mal. A questão é como é que lida com um partido com uma lista muito de aparelho, portanto com pouca atração para a sociedade civil”.
João Maria Jonet lembra ainda o facto de o PSD ter vários quadros, incluindo ex-ministros que poderiam cumprir bem essa função e refere Miguel Poiares Maduro e Lídia Pereira, que considera que seria uma boa escolha para cabeça de lista.
"O PSD tem uma eurodeputada com um bom mandato reconhecido, que foi recentemente eleita vice-presidente do Partido Popular Europeu, que é Lídia Pereira, que tem mais 4 anos. Também não me parece essa diferença toda em termos de juventude. Ainda por cima era a oportunidade de ser uma mulher cabeça de lista pelo PSD às europeias pela primeira vez. Portanto, há aqui várias coisas que parece que ficam a meio da estrada", defende o comentador.