O cabeça de lista da Aliança Democrática (AD), Sebastião Bugalho, às eleições europeias afirma que é uma “injustiça” colar-lhe rótulos extremistas, por a família europeia a que pertence admitir alianças com partidos da extrema-direita.
Em entrevista à SIC Notícias, Sebastião Bugalho desvalorizou o facto de a atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter deixado a porta aberta a entendimentos com partidos no lado mais extremo do espectro político.
“Nem todos os membros da família popular europeia são parecidos com o PSD”, defendeu. “É normal os partidos nacionais terem matérias de divergência com as famílias europeias.”
Sublinhando que não abdica de nenhum “compromisso ou linhas vermelhas” na defesa da democracia, o candidato da AD reforçou o apoio a Ursula von der Leyen.
“Se entramos na discussão europeia, confundindo partidos nacionais com a família europeia comunitária, vamos cometer injustiças”, frisou. Sebastião Bugalho lança como exemplos os governos da família socialista em Malta – onde o aborto é crime – e em Espanha – que controla a entrada de migrantes do Norte de África na fronteira do Sul de Espanha.
“Era a mesma coisa que dizer que Marta Temido é a favor de construir muros contra migrantes só porque o governo espanhol, que é socialista, faz isso”, atirou.
Postura “agressiva”?
Questionado sobre a postura assumida por Sebastião Bugalho nos debates televisivos destas eleições europeias – que tem sido categorizada como “altiva” ou mesmo “agressiva” por analistas e comentadores políticos, o candidato da AD afasta essas interpretações.
“Pode ser irónico ser eu a dizer isto, mas a minha preocupação e a minha entrega é aos eleitores, não é aos comentadores. Já passei essa fase”, riu.
Sebastião Bugalho considera que tem sido “ele próprio” nos debates - admitindo que se “entusiasma” -, mas sublinha que, até agora, nenhum outro candidato “se queixou”.
“Se houve alguma polémica, não dei por ela.”
E depois das europeias?
Sebastião Bugalho sublinhou as propostas da AD para a Habitação - lembrando a já conhecida proposta de inserir este direito como fundamental na carta europeia e frisando que a aliança pretende soluções “mais amigas do mercado”, mas de “equilíbrio”.
Isto, naturalmente, se a AD tiver força suficiente para levá-las para a frente. E se no dia 9 de junho os resultados não forem os ambicionados – manter, pelo menos, os atuais sete eurodeputados? "Nunca nenhuma eleição europeia teve interferência na estabilidade de um governo nacional”, insistiu. “O governo tem cumprido e tem mostrado que está a cumprir”.
Questionado sobre em que posição estará, se houver eleições legislativas antecipadas, o candidato garante que continuará a exercer o mandato em Bruxelas.
“Não vou para o Parlamento Europeu passar férias. Espero que os meus adversários possam ter esse compromisso também”, declarou.
O “padrinho” Passos Coelho
Sobre se tem falado com o antigo primeiro-ministro e antigo líder do PSD Pedro Passos Coelho, Sebastião Bugalho refere que “estabeleceu contacto” com todos os ex-líderes (à exceção de Fernando Nogueira) e que não tem “razões de queixa”. “Pelo contrário!”, destacou.
Questionado sobre se foi “apadrinhado” por Passos Coelho, rejeita o rótulo e prefere afirmar que está “apadrinhado pela rua”.
Também quanto ao nome que gostaria de ver como comissário europeu é evasivo. “Não sou tão ambicioso que queira substitui o primeiro-ministro português escolher o comissário europeu”, respondeu.
Finalmente, levado a comentar a polémica com Aguiar-Branco e as declarações de ódio feitas no Parlamento, Sebastião Bugalho entende que “a gestão entre liberdade de expressão e os direitos das minorias e dos direitos humanos é sempre difícil”.
“Não tem dúvida de que o presidente da Assembleia da República tem muito presente que é defensor de direitos humanos e da liberdade de expressão”, concluiu.