Os 223 centros de atendimento da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica atenderam no ano passado 26 mil pessoas. Um número que tem vindo a crescer e desse universo, 46% continuavam a viver com o agressor.
As razões apresentadas relacionam-se com incapacidade económica das vítimas para se tornarem autónomas e, em alguns casos, também a dependência afetiva dos agressores.
Outro fator que não ajuda as vítimas a viverem um lugar seguro enquanto encontram uma solução é a falta de vagas nas 37 casas de abrigo e 18 unidades de emergência espalhadas pelo país.
Devido ao preço elevado da habitação, a permanência das vítimas nessas instituições prolonga-se, ocupando durante mais tempo os lugares que deveriam estar disponíveis para outras situações de emergência. Mesmo assim foram acolhidas no ano passado 3600 pessoas.
O ideal devia ser o agressor a sair de casa e não a vítima.
"(...) Muitas vezes o que acontece é que as situações são, elas próprias, muito gravosas e na emergência, no imediato, para garantir o bem estar e a vida daquelas pessoas é necessário, de facto, essa retirada. Aquilo que desejamos é que essa retirada seja feita num curto período de temo para que as pessoas possam regressar ao seu ambiente prévio e quem pratica o crime possa ser afastado e mantido afastado das pessoas que foram as vitimas", diz Clara Ferreira da associação de apoio à vitima.
No ano passado foram detidos 2.558 suspeitos de crime de violência doméstica. O maior número de sempre.