Fazer “sucumbir as referências históricas e identitárias” para dar um ar de maior “sofisticação”. Foi a acusação feita por Luís Montenegro a António Costa, depois de o anterior Executivo ter simplificado o logótipo do Governo, fazendo cair a esfera armilar, as quinas e os castelos do símbolo usado nos documentos e páginas oficiais.
A questão tornou-se uma das bandeiras eleitorais da Aliança Democrática - que prometeu reverter a imagem e devolver-lhe todos os elementos da bandeira portuguesa, caso ganhasse as eleições. Ganhou. E, tal como prometeu, Luís Montenegro cumpriu – gerando até polémica, ao fazer da reversão do logótipo do Governo a primeira medida aprovada pelo novo Conselho de Ministros.
"Connosco não há disso. Já chega de política de plástico", afirmou Montenegro, sobre o logótipo simplificado do anterior Governo de Costa, numa iniciativa do Conselho Estratégico Nacional.
O logótipo descartado pelo novo Executivo viria mesmo a ganhar mais do que um prémio de design. Mas isso não é chamado agora para o caso.
Por que está então o logótipo do Governo, outra vez, no centro da controvérsia? É que, durante os últimos dias, a imagem que apareceu no Portal do Governo não era aquela que foi definida pelo novo Executivo, mas, sim, uma outra, também ela sem a esfera armilar, as quinas e os castelos.
Em declarações à SIC Notícias, fonte do Executivo alega que a alteração teve como objetivo otimizar a imagem para ser utilizada em ambiente digital.
Certo é que, horas depois de a mudança no logótipo do Portal do Governo ter sido noticiada pelos órgãos de comunicação social, a imagem foi, mais uma vez, alterada. Após três dias em que se exibiu uma imagem simplificada – apenas com a bandeira a vermelho e verde -, quem agora aceder ao Portal do Governo na internet já poderá ver, novamente, o símbolo da bandeira portuguesa com a esfera armilar, as quinas e os castelos. Aquele pelo qual Luís Montenegro tanto se bateu em campanha eleitoral e se apressou a aprovar assim que chegou ao Governo.