O ex-presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, um dos subscritores do manifesto pela reforma da Justiça, reforçou, em entrevista à SIC Notícias, que "não vale tudo em nome da corrupção", mesmo que sejam "inimigos políticos".
"Não se pode admitir que o combate à corrupção seja utilizado para o combate político ou a destruição de pessoas", disse Ferro Rodrigues, sublinhando a necessidade de criação de um "conjunto de medidas o mais consensuais possível na Assembleia da República, que respeitem a Constituição e o Estado democrático".
No dia em que foi aprovado no Conselho de Ministros um conjunto de 32 medidas com o objetivo de combater a corrupção, o antigo presidente da Assembleia da República deixou claro que em Portugal, este "fenómeno" é "mais um problema de perceção", no sentido em que "alguns tabloides têm um papel grave ao darem a entender que todos são corruptos até prova em contrário".
E, para além disso, a corrução "mina os sistemas democráticos", bem como o "Estado de direito democrático".
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Quanto à operação Influencer, Eduardo Ferro Rodrigues tem a certeza que em causa não está a fuga de informações, mas sim a sua "passagem de forma seletiva para ataques de caracter e ataques políticos".
E essas "passagens de informação põem em causa a Justiça. E a PGR é a responsável por essas fugas de informação", apontou.
Procuradora com imagem "degradada"
"Depois daquele parágrafo estranho que levou a demissão do primeiro-ministro anterior e que levou a esta reviravolta política em Portugal depois das eleições, eu julgo que a imagem da senhor procuradora ficou muito degradada. Infelizmente (...) [são] fugas de informação programadas para ataque político e para ataque pessoal".
O ex-presidente da Assembleia da República considerou, ainda, impraticável não haver um sistema jurídico "em que aqueles que controlam e têm mais poder não serem controlados por ninguém".
"Isso não pode continuar e, portanto, tem de haver um acordo político partidário, sobretudo, entre o PS e o PSD, mas também com outros partido", defendeu Ferro Rodrigues.
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