David Justino, subscritor do manifesto pela reforma da Justiça, exige explicações do Ministério Público sobre a divulgação de novas escutas de António Costa. Em entrevista à SIC Notícias, defende que a falta de justificações do Ministério Público também se deve ao medo e à falta de oportunidade da classe política.
O também antigo ministro da Educação explica que devem exigir-se explicações sobre o caso, uma vez que, "perante um facto daqueles", os cidadãos deveriam "saber o que é que se passou":
"Porque é que aquilo foi feito assim, porque é que foi naquele dia que saiu?", questiona, antes de acrescentar que o Ministério Público deveria ter uma resposta para as "várias perguntas" existentes. Perguntas para as quais, garante, "não há resposta absolutamente nenhuma".
"Nós entramos no domínio de um comportamento de um pilar fundamental no sistema de justiça que não é escrutinável e que não tem de dar explicações a ninguém", considera David Justino, que nota ainda que, "se assim é, estamos mal".
Nesse sentido, o subscritor do manifesto atribui culpas à classe política. "Há sempre um misto de medo e de inoportunidade", afirma.
O Ministério Público abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada a transcrição de escutas a conversas telefónicas entre o ex-primeiro-ministro, António Costa, e o então ministro das Infraestruturas, João Galamba.
Segundo a informação divulgada por vários órgãos de informação, a investigação do MP visa as escutas divulgadas na terça-feira pela CNN Portugal, entre elas uma que apanha António Costa a ligar a João Galamba para ordenar a demissão da presidente executiva da TAP, por motivos políticos, depois da polémica indemnização de 500 mil euros à ex-administradora Alexandra Reis.
Foram ainda divulgadas fotografias que mostravam a forma como 75.800 euros em notas estavam escondidos na sala do Palácio de São Bento onde trabalhava o então chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, um dos cinco detidos no âmbito deste processo, em novembro passado.