João Maria Jonet aborda, na antena da SIC Notícias, alguns dos principais temas da atualidade política internacional e nacional, nomeadamente a possível nomeação de António Costa para o Conselho Europeu e as mais recentes notícias que ligam o ex-chefe do Executivo ao despedimento da antiga CEO da TAP.
O comentador da SIC não considera surpreendente o facto de o antigo primeiro-ministro ter citado Cavaco Silva, com a justificação de que "quem olhar para o percurso de oito anos de um e de 10 anos do outro verá com mais distanciamento histórico mais semelhanças do que outra coisa qualquer".
Em relação a uma possível nomeação para o Conselho Europeu, João Maria Jonet afirma que o antigo chefe do Governo "quer tirar a pressão de cima de si porque a decisão não está do seu lado".
"É improvável que isto seja uma negociação e uma cedência fácil esta ideia de não se partir o mandato em dois entre o PPE e o Partido Socialista Europeu", reconhece.
Acrescenta que o consenso entre liberais, socialistas e democratas, que tem reinado ao longo dos últimos anos, na Europa, tem sido "maioritariamente virtuoso" e tem "permitido à Europa avançar", algo que, no seu entender, deve continuar ao contrário "de uma guerra de palavras e de insultos constantes".
Luís Montenegro tem insistido na ideia de que António Costa é o socialista que está mais bem preparado para ocupar o cargo de chefia do Conselho. O comentador diz que o primeiro-ministro português "precisou deste facto político para fingir que não perdeu as europeias".
Escutas a António Costa
Recentemente foi divulgada a informação de que António Costa pediu a João Galamba, ex-ministro das Infraestruturas, que demitisse a antiga presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener. Sobre este caso, o comentador da SIC acredita que "não tem relevo político" a nível internacional.
Considera ainda que é normal um ex-primeiro-ministro ter uma intervenção com a divulgada:
"Na altura ninguém teve dúvidas de que tinha sido decisão do primeiro-ministro despedir a CEO da TAP como foi, portanto, parece-me normal. O que não me parece normal e é perigoso e assustador para o regime são as fugas dos segredos de justiça, o facto dos inquéritos ficarem perdidos dentro do Ministério Público e nós não saberemos nunca as consequências disto que é uma ilegalidade e que é grave: os procuradores andarem a passar informação a jornalistas", aponta.
Ainda sobre as fugas de informação, evidencia que este é "um prolema estrutural" e vinca que apenas "é suposto haver transcrição de escutas quando há suspeitas de crime", o que não se aplica no caso de António Costa, lembra.
"Isto entra mais no plano da espionagem do que no plano da investigação criminal", acrescenta.
João Maria Jonet questiona também o porquê de as pessoas não se escandalizarem mais com o facto de haver jornalistas "que vivem só disto".
"Há aqui uma dramatização destas informações, que depois não vemos onde estão os crimes, não vemos onde está a justificação para estas escutas e depois elas são constantemente partilhadas, quebra-se o segredo de justiça e não há consequências para isso.
Por conta deste problema, coloca a hipótese de ser criado um sistema "em que se via quem é que acedia aos dados e em que momento".
André Ventura no Conselho de Estado?
André Ventura é um dos nomes que tem vindo ao de cima para o Conselho de Estado, algo que poderá acontecer esta quarta-feira após votação da Assembleia da República.
Relativamente a esta possibilidade, o comentador sublinha que o líder do Chega "é camaleónico", pelo que "se precisar de ser agradável será agradável", consoante o ambiente em que está inserido.
"É importante as pessoas perceberem isso sobre André Ventura, normalmente é considerado uma pessoa muito agradável à porta fechada e muito cínica nesse aspeto. Não acho que haverá grande problema para o Conselho de Estado", explica.
João Maria Jonet acha ainda "muito interessante" a "elevação a conselheiro de Estado que o PSD faz de Carlos Moedas", uma decisão que é justificada "pelas suas qualidades políticas".