As escutas que chegaram a apanhar António Costa a falar sobre a demissão da presidente da TAP passaram por pelo menos 16 juízes mas em nenhum momento foi ordenada a destruição dos telefonemas. Além disso, durante mais de três anos, o telemóvel do ex-ministro João Galamba esteve a ser escutado e foram ouvidas conversas com Presidentes da Assembleia da República, ministros e autarcas.
Quando em janeiro de 2023 tomou posse como ministro das Infraestruturas, João Galamba já tinha o telemóvel sob escuta há quase três anos. Foi ouvido quando era secretário de Estado e continuou a ser escutado quando substituiu Pedro Nuno Santos.
O que significa que durante os anos, além de António Costa, terão sido também apanhados nas interceções telefónicas a João Galamba, ministros, autarcas, e até dois presidentes da Assembleia da República.
A revista Visão diz que Augusto Santos Silva terá sido ouvido a falar sobre a TAP e sobre a presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados.
Já Eduardo Ferro Rodrigues terá sido escutado sobre a candidatura da Assembleia da República a um programa de edifícios sustentáveis e Carlos Moedas sobre o interesse de uma organização internacional em abrir uma sede em Lisboa.
A Operação Influencer ter-se-á também deparado com conversas com Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro e o advogado Pedro Cutileiro, que é hoje assessor do atual presidente da Assembleia da República.
São longas horas de gravações captadas durante mais de três anos e, segundo a Visão, entre a primeira instância e os tribunais superiores passaram pelas mãos de pelo menos 16 juízes diferentes.
A Operação Influencer começou por investigar os negócios do lítio. Em março de 2020, João Galamba terá sido fotografado pela PSP a almoçar com um empresário holandês que terá apresentado ao Governo o projeto do hidrogénio em Sines.
O então secretário de Estado terá depois trocado mensagens com esse empresário, o que levou o Ministério Público a incluir João Galamba na lista de suspeitos e a ser escutado a partir de maio de 2020.
João Galamba passou de secretário de Estado a ministro e em outubro do ano passado a investigação saiu à rua com uma enorme operação de buscas. As escutas duravam há mais de três anos e até hoje não foram destruídas…