No cais de Cacilhas, mesmo ao lado dos barcos elétricos, há geradores com combustível e depósitos. Cada um tem capacidade para mil litros de gasóleo. A denúncia do PCP diz que é a partir destes geradores que os barcos são carregados, o que põe em causa uma medida que deveria ser boa para o ambiente.
"Para lá do que é, um tanto ou quanto motivo de vergonha termos tanta propaganda em torno de navios elétricos e estarem a ser carregados nas suas baterias com geradores a gasóleo, aparentemente geradores a gasóleo, aquilo que se coloca nesta fase é que explicações a empresa e o governo têm para dar em relação a este processo”, diz Bruno Dias do PCP.
Não é a primeira vez que estes barcos são notícia Em 2020 foi lançado pelo governo de António Costa um concurso para comprar 10 navios elétricos, mas 9 chegaram sem baterias. Teve de ser feito um novo concurso, mais tarde, por ajuste direto. Cinco dos barcos estão agora no cais de Cacilhas já com baterias e em fase de testes.
"Já deveriam cá estar mais, mas de facto agora até podem ter cá os dez, mas para estarem imobilizados também não resolvem problemas nenhuns. Fazem algumas viagens em testes, já fizeram uma viagem com o anterior primeiro ministro, mas não passou disso, não passou da propaganda", diz José Manuel Oliveira da Fectrans.
A falta de baterias não foi o único problema, também os postos de carregamento que foram contratados ainda não foram todos instalados.
“ A questão dos postos de abastecimento das baterias que não estão concluídos e tudo isto faz com que hoje haja um investimento feito através do erário público e que já com alguns navios cá que não estão a reforçar uma frota que já está envelhecida”, explica José Manuel Oliveira.
O PCP já questionou o Ministério do Ambiente, que tem agora 30 dias para responder. A SIC pediu um esclarecimento ao Governo, que remeteu explicações para a Transtejo.
Questionada pela SIC, a empresa diz que para que todos os navios possam estar ligados à corrente, de modo a cumprir as recomendações dos fabricantes, foi forçada a alugar os geradores em questão, apenas pelo período necessário à conclusão da empreitada do segundo posto de transformação, que deverá estar concluído em setembro. Até lá, os 5 navios elétricos, vão continuar a ser carregados com geradores a gasóleo
A previsão da Transtejo apontava para o início das viagens no final de junho ou início deste mês, mas a empresa diz agora que os novos navios deverão, afinal, começar a operar na ligação fluvial Seixal – Cais do Sodré apenas na segunda quinzena de setembro.
Até ao final do ano, está prevista a entrega de mais dois navios elétricos, os restantes três deverão ser entregues no próximo ano.