Do PCP ao Chega, os partidos portugueses que se fazem representar no Parlamento Europeu já se pronunciaram sobre areeleição de von der Leyen como presidente da Comissão Europeia, acusada por uns de permitir a "continuação do consenso federalista neoliberal e militarista" e elogiada por outros por contribuir para um "projeto europeu que é progressista".
O Parlamento Europeu aprovou, esta quinta-feira, a recondução no cargo da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por mais cinco anos, com 401 votos favoráveis dos eurodeputados na votação em plenário em Estrasburgo, acima dos 360 necessários.
À saída do hemiciclo, em Estrasburgo, o eurodeputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, destacou que o resultado obtido não dá "carta branca" para a comissária "fazer o que bem entende como em algumas fases do mandato anterior".
Elogiou ainda que, "do ponto de vista político", esta é uma "vitória grande", tendo ainda referido que 20 dos 40 minutos do discurso de von der Leyen, esta quinta-feira de manhã, foram sobre crescimento económico, algo que o eurodeputado liberal viu como positivo.

Tânger Corrêa, do Chega, admitiu que o resultado era esperado, no entanto revelou estar contra a reeleição da comissária e acusou-a de "falta de transparência".
"Vamos continuar com a imposição da Comissão em normas absolutamente cretinas como a identidade de género? Não pode ser", acrescentou.

Por sua vez, Sebastião Bugalho, eurodeputado social-democrata, entende que o resultado "é francamente bom porque cresce face à primeira eleição de Ursula von der Leyen".
Para Bugalho, a vitória da comissária é também uma "vitória da moderação e do bom senso" e comprova que as famílias europeias "cumprem a sua palavra", referindo-se ao acordo firmado anteriormente entre as três maiores famílias políticas europeias.
"Isso quer dizer que esta Europa está pronta para enfrentar os desafios do futuro com essa capacidade de consenso ideal", considerou.

Von der Leyen "não teve o voto da esquerda"
Catarina Martins, eurodeputada do Bloco Esquerda, deixou claro que von der Leyen "não teve o voto da esquerda" e lembrou que a recém-eleita continua a apoiar Netanyahu e que a mesma é suspeita num caso que envolve contratos com farmacêuticas.

Marta Temido, do PS, constatou que a eleição de von der Leyen espelha o compromisso político que foi assumido entre as principais forças políticas.
Para a eurodeputada este "é um dia bom para aqueles que acreditam num projeto europeu que é progressista, que avança, que responde aos problemas da habitação".

João Oliveira, representante do PCP no Parlamento europeu, acredita que esta reeleição "agrada aos grandes grupos económicos", mas "não responde aos problemas dos povos".
O comunista crê que a continuação de von der Leyen no cargo "significa a continuação do consenso federalista neoliberal e militarista, que está na origem dos problemas sociais e políticos" da Europa.

Quase 300 eurodeputados votaram contra reeleição
A votação ocorreu na primeira sessão plenária da nova legislatura da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo, com a política alemã de centro-direita Ursula von der Leyen a conquistar 401 votos favoráveis, 284 contra, 15 abstenções e sete inválidos.
O aval à recondução surgiu depois de a candidata do Partido Popular Europeu (PPE) se ter vindo a reunir nos últimos dias com várias bancadas políticas do hemiciclo europeu (como Socialistas, Liberais, Verdes e Conservadores) para apelar à aprovação destes parlamentares para um novo mandato de cinco anos.
Com uma maior fragmentação partidária no Parlamento Europeu, a recondução no cargo (em 2019 foi eleita sem ser candidata) obrigou a várias negociações nos últimos dias, dado que vários parlamentares ameaçaram não apoiar a política alemã por temer que Ursula von der Leyen estivesse demasiado ligada à ala conservadora ou por criticarem a sua postura em relação à externalização das políticas de migração da União Europeia (UE) e a certos recuos nas metas climáticas ou sociais.